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Alta nos combustíveis vai afetar produtos do dia a dia

Petrobras anunciou aumento de 5,18% na gasolina e 14,26% no diesel | Foto: Pixabay

No dia 17 de junho foi anunciado pela Petrobras um acréscimo no valor médio de venda da gasolina para as distribuidoras, que vai passar de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro (alta de 5,18%) e do diesel que incidirá de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (elevação de 14,26%). O diesel não era reajustado desde 10 de maio. Já a última alta no preço da gasolina havia sido em 11 de março.

Em nota, a Petrobras disse que “é sensível ao momento em que o Brasil e o mundo estão enfrentando e compreende os reflexos que os preços dos combustíveis têm na vida dos cidadãos, mas que o mercado global de energia se encontra em uma situação desafiadora devido à recuperação da economia mundial e ao início da guerra na Ucrânia este ano, apresentando menor oferta e maior demanda por energia, com aumento dos valores e maior volatilidade nas cotações internacionais de commodities energéticas, em especial, do óleo diesel”.

A empresa disse ainda que, não obstante, quando há uma mudança estrutural no patamar de preços globais, é necessário buscar a convergência com as tarifas de mercado. “É esse equilíbrio que naturalmente resulta na continuidade do suprimento do mercado brasileiro, sem riscos de desabastecimento, pelos diversos atores: importadores, distribuidores e outros produtores, além da própria Petrobras”.

A economista Eleonora Bastos explica que os sucessivos acréscimos se dão pela política de preços praticada pela Petrobras, que está vinculada a importação de boa parte do que é consumido no país e também envolve a oscilação do dólar. “Há uma oferta limitada pelo mundo afora e há a variação cambial que sobrecarrega o preço do produto que é importado, em boa medida, para o consumo no Brasil”.

Sobre o conflito no Leste Europeu, ela esclarece que a Rússia é um poderoso e importante produtor de petróleo. “Com os embargos decretados contra a Rússia, em função da guerra na Ucrânia, a oferta mundial ficou prejudicada, nessa medida, o embate entre as nações piora as condições”.

No entanto, os ajustes causam um efeito dominó e afetam todos os setores, devido ao uso dos combustíveis ser necessário em várias etapas de produção. Eleonora ressalta que as múltiplas formas de energia são consideradas pela economia como bens e serviços essenciais e, portanto, importantes para a vida dos cidadãos. “Um encarecimento como esse, no qual a pandemia ainda está presente e as cadeias de produção estão tentando se regularizar, deixa a renda nacional muito enfraquecida. Ela foi reduzida durante a crise sanitária e não se recuperou, com isso, esse aumento no preço de bens essenciais afeta muito a vida dos brasileiros”.

Para a economista, é importante considerar que o Brasil é um país de extensão continental e que abriu mão do modal de transporte ferroviário para investir no rodoviário. “Com o preço dos combustíveis subindo, isso reflete no transporte de qualquer tipo de mercadoria, ou seja, alimentos, vestuário e vários outros produtos. Até mesmo quem não tem carro sofre pelo reajuste, pois o avanço será repassado aos itens em geral, em função do custo dos fretes que encarecem nessa conjuntura”.

Ela conclui dizendo que é difícil apontar os produtos que mais sofrem elevação em função do custo dos combustíveis. “De uma forma geral, é possível entender que quanto mais distante o mercado consumidor do produtor, mais caro será o frete, portanto, o repasse tende a ser mais alto também”.

A vendedora Karine Albuquerque já percebe aumento no preço de muitos produtos e serviços. “As corridas solicitadas pelos aplicativos de transporte particular estão com os valores bastante elevados. Antes, uma viagem que não daria nem R$ 15, hoje está saindo por R$ 20 ou mais, porque a gasolina está caríssima”.

De acordo com Karine, além dos automóveis, o preço dos alimentos é o que mais segue preocupando. “A carne bovina subiu muito, às vezes precisamos substituir por ovo ou por alguma proteína mais em conta para caber no orçamento do mês. Como se não bastasse, os itens da cesta básica: arroz, feijão, açúcar, café também encareceram, o que prejudica cada vez mais a qualidade da alimentação das famílias brasileiras”, finaliza.