Devagar, sem muita transparência, andando em velocidade razoável.
Dentro de campo o nível técnico continua sofrível. Fora dele a busca de alternativas é interessante. A bola da vez é a Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Clubes tradicionais, grandes e pequenos sonham com a possibilidade de encontrar parceiros milionários para salvar o buraco do caixa e da contabilidade. Eliminar as dívidas, ter credito no cartão para saldar os compromissos e montar um elenco forte e vencedor o desejo de todos.
Parece simples e fácil. Mas não é. Investidor de verdade não rasga dinheiro, não pensa com o bolso e só torce pelo lucro. Transformar uma associação esportiva em empresa é tarefa para especialistas. Profissionais capacitados em gestão, com sabedoria e prestígio no mercado. SAF não pode ser encarado como modismo, muito menos como milagre. É coisa para a gente grande, como se fala na roça.
Outro assunto que promete mexer com a estrutura do futebol brasileiro vem lá da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A entidade, uma enorme caixa preta, com vários dirigentes afastados, processados, presos e banidos ao longo dos últimos anos, tem agora um novo mandatário. Depois de várias confusões, processos e liminares o baiano Ednaldo Rodrigues, 68 anos, formado em Ciências Contábeis ex-presidente da Federação Baiana de Futebol e vice da própria CBF foi eleito presidente. O homem assumiu e está sacudindo a poeira, sem balançar a pança.
Vários diretores, gerentes, supervisores e chefes foram demitidos. A turma que comandava o setor da arbitragem, incluindo o Video Assistant Referee (VAR) foi eliminada de forma sumária.
Nesta toada, o novo presidente da CBF vem dando declarações interessantes. Afirma que apoia a racionalização do calendário e da criação de ligas. Quer investir pesado na qualificação da arbitragem, no futebol feminino, na criação de um fundo para reforma dos estádios interior afora. Pretende trabalhar muito para combater a violência no futebol e reaproximar a seleção brasileira do povo. Uma agenda pesada. Difícil acreditar, mas não custa sonhar. Tomara que o bom baiano tenha a força necessária para colocar em pratica tantas mudanças.
Para começar vem aí uma boa iniciativa. A CBF irá promover em junho um seminário contra o racismo no futebol. Participação de membros da Fifa, Conmebol, federações, clubes, Justiça Desportiva, Ministério Público, Polícia Militar e imprensa esportiva. A ideia é criar uma cruzada forte, nacional, contra o preconceito e o racismo no meio esportivo.
Sobre a criação de uma liga, tema sempre presente, é preciso destacar que mesmo sem ter algo parecido, o campeonato brasileiro da série A foi considerado pelo Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) como a melhor competição do ano passado. Superou as grandes ligas como Premier League, La Liga, Bundesliga, Ligue 1 e tantas outras mundo afora. Só perdemos de goleada no quesito faturamento.
Penso que com ou sem liga, a transformação dos clubes em empresas, o que deve acontecer com a maioria, obrigará a CBF e as federações a mudar a forma de pensar e administrar o produto.
Criação de competições mais atrativas e lucrativas em todos os níveis, buscando aumento de receitas, permitindo melhor distribuição de renda e oferecendo bom retorno para os investidores terá que ser a meta principal. É um caminho longo e complicado que nossos clubes de futebol terão que percorrer para alcançar a sustentabilidade e o sucesso desejado.
*Luiz Carlos Gomes
Presidente da Associação Mineira de Cronistas
Esportivos (AMCE ) – amce@amce.org.br