Ao que tudo indica, a pandemia está indo embora, mas os efeitos devastadores trazidos pelo coronavírus irão atormentar a população por um bom tempo. Afinal, agora entra em cena a desorganização financeira de grande parte da sociedade neste momento. Cenário agravado pela inflação que tem corroído os salários de quem não tem muito para sustentar sua família.
As consequências dessa realidade são expostas a partir da rotina diária de quem não está conseguindo honrar seus compromissos, diante de um desemprego na casa dos 11%. Essa falta de oportunidade de trabalho leva o cidadão a receber os auxílios do governo federal, por meio de repasses dos programas sociais, um paliativo que está longe de solucionar a vida das famílias. Para completar o quadro de incertezas, a inflação diminui o poder de compra das pessoas sem que haja uma previsão de mudanças.
O caminho para minimizar esse caos seria convencer o governo federal a estabelecer uma nova política de crescimento sustentável, a fim de gerar mais renda a massa de assalariados do país. Afinal, como se sabe, o valor pago pelas empresas aos funcionários é a melhor maneira de fazer a disseminação das riquezas em qualquer lugar do mundo. Mas, no Brasil, percebe-se um caminho contrário. No período de 2 anos de fechamento de comércio e restrições de circulação das pessoas, os ricos ficaram mais abastados, crescendo substancialmente suas fortunas, o que aumenta ainda mais a desigualdade social.
Prova disso é uma pesquisa realizada pela Proteste, que mostra que 23% dos entrevistados estão “muito endividados”. A análise ainda aponta que 47% admitem estar um “pouco endividados”. Nesta atmosfera de superendividamento tem ocorrido até a falta de condições para quitar itens básicos como contas de luz, água, telefone e internet. O cidadão comum não tem encontrado muita alternativa a não ser recorrer a empréstimos. Em média, 72% dos entrevistados pela Proteste estão “pendurados” no cartão de credito, cujos juros podem ultrapassar 10% ao mês.
Ainda de acordo com a análise, 44% das pessoas responderam positivo para o uso do cheque especial e aproximadamente 36% preferiram buscar socorro nos empréstimos pessoais.
Hoje, o Brasil pode ser descrito como uma nave sem rumo e somente o poder central seria capaz de atenuar essas demandas. Poderiam aumentar a capacidade de renda, evitando que cerca de 20 milhões de pessoas tenham dificuldade até para comprar comida, ou que os 11% dos desempregados consigam mudar o ritmo de suas vidas. Em verdade, a luta para se tornar um país desenvolvido é importante, mas, antes disso, há necessidade de atender as exigências básicas dos seus compatriotas.