O outono chegou no dia 22 de março e a estação é típica por ter o ar mais seco, além da poluição que afeta nossas cidades. Esses fatores acabam prejudicando o desempenho das defesas naturais do sistema respiratório. Com isso, muitas alergias e doenças respiratórias, causadas por vírus e bactérias, podem aparecer nesta época do ano.
Segundo o Boletim InfoGripe, divulgado no dia 11 de abril pela FioCruz, nas 4 últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,7% Influenza A, 0,1% Influenza B, 36,7% vírus sincicial respiratório e 41,6% SARS-CoV-2 (COVID-19).
Eles são transmitidos por gotículas respiratórias, capazes de contaminar ambientes, principalmente os locais que ficam fechados por muito tempo. Algumas doenças respiratórias que podem ser causadas por bactérias são a pneumonia e a sinusite. Trata-se de patologias oportunistas, já que, muitas vezes, aproveitam que o organismo se encontra fragilizado por causa de uma gripe e se instalam no corpo, causando os sintomas como febre, dores no corpo, mal-estar, congestão nasal e tosse.
Para a estudante Aline Aleixo, essa época é a pior. “Minha rinite ataca, principalmente, em períodos mais secos, geralmente de junho até setembro”. Os indícios também são diversos e bem incômodos: “Sinto coceira nos olhos, nariz e garganta, ardência ao respirar, coriza e crises de espirros e tosses”.
Para tratamento da doença, ela toma medicamentos antialérgicos e anti-inflamatórios. “Às vezes, preciso do anti-histamínico ou do corticoide e, em casos intensos, costumo fazer inalação de vapor de água com sal”.
Já para o estudante João Pedro Pompeu, que tem sinusite e rinite, as mudanças repentinas de clima também são um grande problema. “Qualquer alteração de clima faz atacar, tanto do frio para calor quanto vice-versa. Sinto dor no rosto, parece que tem um peso pressionando o meu olho, quando está mais intenso, noto pressão nos meus ouvidos e dói também o nariz, que, normalmente, sangra com a sinusite”.
Para aliviar os sintomas, ele também faz o uso de antialérgicos e soros: “Pingo soro e spray no nariz para aliviar a congestão, além de remédios para a alergia e dor de cabeça”.
De acordo com diretor científico da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia Brasileira – Regional Minas Gerais, Roberto Souza Lima, há diferença entre infecções e alergias respiratórias. Ele explica que a primeira é provocada por vírus ou bactéria. “Temos as rinites virais, as gripes e os resfriados, além da amigdalite, faringites e tosses. Já nas alergias respiratórias, as mais comuns são a asma e a rinite alérgica que, inclusive, podem complicar e levar a um quadro de sinusite”.
Lima ressalta que duas coisas prejudicam as defesas naturais das nossas vias respiratórias: o ar seco e o ar frio. “O seco diminui os batimentos ciliares que temos em nossos narizes e pulmões. Eles eliminam vírus e bactérias e, muitas vezes, enfraquecem também a hidratação e causam ressecamento da mucosa. Com isso, podem ser formadas secreções que, quando ficam mais ressecadas, dificultam a proteção contra esses vírus e bactérias. Já o ar frio pode causar coriza e entupimento nasal, fazendo com que a pessoa respire pela boca, ocasionando ressecamento da garganta, o que pode desencadear tosses e infecções”.
Para uma prevenção eficaz, ele orienta se hidratar frequentemente. “Nós não costumamos ingerir líquido no outono e inverno, o que complica a situação, pois é um período em que o ressecamento se intensifica, principalmente em idosos. Umidificar a mucosa nasal, por meio de lavagens nasais feitas com soro fisiológico morno, também é uma medida eficiente, além de fácil e barata. Evitar saídas noturnas com crianças e idosos é outra estratégia, pois o ar frio pode ser mais intenso para essas duas faixas etárias. Já para os alérgicos, a melhor forma de prevenção é o controle do ambiente, seja em casa ou no trabalho”, finaliza.