Dados do IPC Maps apontam que o setor de saúde deve movimentar cerca de R$ 313,9 bilhões até o final de 2021. O montante representa um acréscimo de 13,8% em comparação a 2020 e de 21,8% em relação a 2019. Nos cálculos, foram levados em conta despesas com medicamentos e itens para curativo, bem como serviços relativos a planos de saúde e tratamentos médicos ou dentários.
A análise mostra também que os brasileiros devem desembolsar R$ 160,9 bilhões só com planos de saúde e tratamentos, e quase R$ 153 bilhões com medicamentos em 2021. Na contramão desse ritmo de consumo está a quantidade de farmácias no Brasil. De 2019 para cá, mais de 40 mil unidades fecharam suas portas, totalizando hoje 126.275 estabelecimentos.
Para o responsável pelo IPC Maps, Marcos Pazzini, a quantia movimentada pelo setor é importante para o momento atual. “A economia de consumo é responsável por mais de 6% de tudo que os brasileiros vão gastar neste ano. Se levarmos em conta que temos as necessidades básicas, esse número mostra que as pessoas estão preocupadas com a saúde em termos de prevenção, pagamento de plano de saúde e medicamentos. O setor, então, representa uma parcela forte de consumo e, devido ao envelhecimento da população, a tendência é que esse potencial cresça para uma participação ainda maior no gasto das famílias”.
Para Pazzini, a pandemia teve grande influência nos números. “A população passou a se preocupar ainda mais com sua saúde. Além disso, perceberam que, em alguns casos, a internação em uma rede particular é superior a uma do serviço público. Desse modo, a tendência é que, assim que a pessoa conseguir, irá bancar um plano de saúde, nem que seja o mais simples, mas que trará a segurança de um atendimento de qualidade quando for preciso”.
Daniel Dias Ribeiro, diretor de um laboratório médico, observa que a crise sanitária da COVID-19 teve um impacto negativo neste mercado, mas acabou criando oportunidades que tornaram possíveis manter o fluxo de pacientes. “Inicialmente, tivemos uma queda muito grande no número de atendimentos, março e abril de 2020 foram os meses mais críticos. A partir daí começamos a oferecer os exames específicos para COVID-19, como RT-PCR e sorologias. Foi isso que nos ajudou a manter uma operação viável e, aos poucos, os pacientes foram voltando. Atualmente, existe um equilíbrio, os atendimentos normalizaram e estamos mantendo um volume razoável de exames relacionados ao novo coronavírus”.
Para ele, é nítida a volta gradual de todas as atividades. “No setor de laboratório não está sendo diferente. Como as consultas médicas clínicas e cirúrgicas estão normalizando, a demanda por exames segue o mesmo caminho. Por isso, mantemos expectativas positivas para o próximo ano. Mas, também estamos investindo. Melhoramos nossos processos, renovamos todo o nosso parque tecnológico, focamos no atendimento domiciliar e agilizamos nosso atendimento nas unidades. Digamos que a pandemia nos ‘forçou’ a ser mais eficazes”.
A mesma expectativa de crescimento é sentida por Flávia Ribeiro, sócia-fundadora de uma farmácia de manipulação. “Estimamos que o faturamento neste segundo semestre atinja 5% de crescimento em comparação ao ano passado. Nossa expectativa de aumento para 2022 é de 26%. Quando a pandemia começou, estávamos em processo de abertura de uma nova filial. Com a sociedade insegura, comércio fechado, tudo ficou muito incerto. Porém, quando todos começaram a focar na higienização e zelo com a imunidade, ganhamos uma chance. Começamos a fornecer diversos suprimentos e medicamentos para as mais variadas áreas da saúde e, por esse caminho, conseguimos contornar a crise”.
Para ela, o cenário já caminha para uma normalidade. “Podemos observar que as pessoas já estão se sentindo mais seguras. Com isso, estão retornando suas rotinas. Logo, prevemos que o consumo de produtos que estavam paralisados, como suplementos, por exemplo, irá voltar. É notório o aumento do fluxo de clientes em nossas unidades, tanto para encomendas, como para retiradas”, conclui.