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14% dos internautas já caíram em esquemas de investimentos falsos

O principal formato de golpe é o das pirâmides financeiras. | Foto: Freepik

 

Durante o almoço de domingo entre família, o primo entusiasmado conta como descobriu uma aplicação milagrosa que promete retorno de 10% ao mês. A cena, que parece inofensiva, é justamente o cenário mais comum em que golpes de investimentos falsos se espalham. Segundo pesquisa conduzida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 14% dos internautas brasileiros já perderam dinheiro em esquemas on-line.

De acordo com o estudo, as principais ocorrências são as pirâmides financeiras (40%), a mentira da seguradora com pagamento antecipado de taxas e/ou despesas (17%) e a contratação de serviço de gestão/consultoria investidores sem o registro profissional na Comissão de Valores Mobiliários (13%). O intermédio entre vítima e golpista acontece, principalmente, por um consultor autônomo não licenciado (41%), mas 30% citam que o esquema foi oferecido por um amigo ou parente, enquanto 21% afirmam terem sido apresentados por membro de um grupo ou organização à qual pertencem.

Apesar da criatividade dos criminosos para inventar novas narrativas de golpes, alguns indícios sempre estão presentes, especialmente, nas pirâmides. “Nos últimos anos, houve um aumento no interesse por investir. O acesso de mais brasileiros a aplicações menos tradicionais é um fato positivo, mas que veio acompanhado do surgimento de negócios duvidosos, prometendo retornos elevados e garantidos”, alerta o presidente da CNDL, José César da Costa.

Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a principal característica da pirâmide é pagar os lucros de antigos participantes com o recrutamento de novos membros. “Enquanto houver pessoas em número suficiente para pagar os mais antigos, a fraude se mantém. Mas, como não é possível expandir a base indefinidamente, uma hora elas se tornam insustentáveis”, explica Costa.

Entre os argumentos de persuasão utilizados, destacam-se as taxas e condições atraentes (29%), promessa de ganho de muito dinheiro com a perspectiva de riqueza (27%), negócio legítimo (27%) e oportunidade única (27%).

Para o advogado e professor de direito Bertie Moura, muitas vezes, os criminosos se valem da ganância e ingenuidade das vítimas em relação às aplicações. “Um dos fatores é o excesso de confiança porque, geralmente, é apresentado por intermédio de família ou amigos que ganharam 1 ou 2 meses justamente para conquistar um público. Aliado a isso, também há negligência ao checar a veracidade das informações trazidas em sites, panfletos ou conhecidos. A pessoa pensa ‘se deu certo com fulano, vai dar certo pra mim’ e esse é um pensamento recorrente, mas errado”, afirma.

De acordo com Moura, em relação a investimentos é fundamental verificar as procedências e registros das corretoras, agências, instituições financeiras e consultores autônomos. “Nunca tome decisões apressadas, pois criminosos utilizam muito a técnica da sensação de urgência para tirar vantagens. É o caso dos discursos de ‘aproveite essa oportunidade única por tempo limitado’. Nesses episódios, é melhor dispensar”, aconselha.

Quase 70% não recuperaram o dinheiro

A pesquisa destaca ainda a dificuldade para a recuperação dos valores perdidos. Segundo os entrevistados, 43% relatam que o responsável desapareceu com o dinheiro investido e 24% informaram ter tido prejuízo logo no início. Já 31% conseguiram recuperar o montante, sendo que 14% só reaviram apenas parte dele. A grande maioria (68%) não conseguiu reverter a situação e 47% já desistiram.

Às vítimas, a orientação é registrar o ocorrido. “A primeira ação é fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil ou Militar, isso é indispensável, porque serve como comprovação do fato. Posteriormente, é preciso acionar a Justiça. Se o valor for de até 20 salários mínimos, a vítima pode fazer ação própria sem advogado no juizado especial por atermação. Para isso, ela precisa saber quem praticou o golpe”, explica o advogado.