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Vendas de carros usados cresceram 62% no país

O mercado de carros seminovos e usados está aquecido. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), as vendas acumuladas do segmento subiram 62,3% em relação ao mesmo período de 2020, ano do início da pandemia da COVID-19 no Brasil. Só em Minas Gerais, a Fenauto informa que 916.430 mil automóveis foram negociados neste primeiro semestre, número 46,9% superior ao do ano passado, quando foram feitas 623.952 vendas.

Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, afirma que o setor, que movimenta R$ 14 bilhões anualmente, sofreu com a queda das vendas em março do ano passado. “Aos poucos, os lojistas começaram a investir e se dedicar mais intensamente aos meios digitais para manter o interesse e fidelidade dos possíveis compradores. No final de abril, as vendas começaram a ter resultados positivos. O total acumulado, em 2020, acabou ficando negativo em 12,1%, um resultado bem inferior às estimativas iniciais feitas no começo da pandemia, que previam perdas maiores”, diz.

Atualmente, o segmento não só está recuperado, como já bateu o desempenho de 2019, período em que não havia crise sanitária no país. “Em 2019, foram comercializados, em média, 54.802 veículos por dia entre janeiro e junho. Já no mesmo período de 2020, esse número ficou em 36.323 e, agora, no primeiro semestre de 2021, alcançou a marca de 58.944 unidades. Comparativamente com o mês de junho de 2020, o resultado positivo foi de 77,7%”, conta Ilídio.

Mais caros

Os preços também estão em alta. Levantamento da Kelley Blue Book Brasil (KBB), empresa que monitora os valores do setor automobilístico, aponta que os carros usados de 4 a 10 anos tiveram reajustes de 13,04%. Os valores dos automóveis 0km também subiram: alta média de 4,28% no acumulado do ano, segundo a KBB.

As causas para esse aumento, segundo Ilídio, variam. “A busca cresceu devido ao medo das pessoas de utilizar transporte público nesse momento e pela falta ou demora na aquisição de um carro novo. Com essa procura aumentada, é natural existir uma variação nos valores. Os custos de um veículo são basicamente pautados pela qualidade que o mesmo apresenta, necessidade e urgência do consumidor em finalizar a compra e disponibilidade do modelo no mercado”, completa.

Autonomia para poder se locomover sem aglomerar foi o principal motivo que levou a UX designer (profissional que estuda a experiência digital) Beatriz Sato, 25, a tirar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e comprar um seminovo no período de 1 ano. “Eu era o tipo de pessoa que não me imaginava comprando carro porque sempre achei caro manter um. E é muita despesa mesmo. Só que, com a pandemia, me vi sem uma alternativa segura para andar, especialmente em uma viagem que precisei fazer por motivos familiares e com urgência, inclusive foi esse dia que decidi que precisava de um. Sem veículo próprio é impossível não ter contato com outras pessoas”, diz.

Cuidados na compra

Na hora de escolher o carro ideal, a dica de Schnaider Rocha, proprietário de uma concessionária de seminovos, é sempre verificar a documentação antes do fechamento do negócio. “Hoje, existem laudos de vistoria cautelar, por exemplo, onde a pessoa pode constatar a estrutura do carro, procedência e manutenções que já foram realizadas. Além disso, verificar o valor do automóvel no mercado. Se o comprador fizer isso antes, fará um bom negócio”, aconselha.

Com o mercado aquecido, surgem também os golpes. “Muitos golpistas divulgam preço barato, melhores condições e outros atrativos. Mas, é preciso ter em mente que um carro muito barato e, ao mesmo tempo, com qualidade, não existe. Assim, se a pessoa se depara com uma oferta muito tentadora, pode desconfiar. Às vezes, o comprador é de Belo Horizonte e o anúncio vem de um DDD muito distante no qual o ‘vendedor’ pede um sinal para segurar a venda. Em muitos casos, o golpe é exatamente o sinal, um valor que gira em torno de R$ 500 ou até mesmo com o pagamento integral”, alerta Rocha.