Mesmo com a perspectiva de piora nos números da pandemia com uma possível nova onda de COVID-19 no Brasil, a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que o Dia dos Namorados tenha injetado R$ 177,6 milhões no comércio varejista de Minas Gerais. No país, o movimento previsto foi de R$ 1,8 bilhão no período.
Em um recorte do cenário mineiro, uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), que ouviu 402 empresários de 10 regiões do estado, aponta que 57,4% afirmam ser impactados positivamente pela data. Destes, 45,7% acreditam em vendas melhores neste ano, sentimento justificado pelo otimismo e esperança (59,4%) e pelo valor afetivo da ocasião (31,7%). Na visão desse público, os consumidores cogitam gastar entre R$ 70 e R$ 200 com presentes, majoritariamente, por meio do cartão de crédito.
Por outro lado, a pandemia (78,1%) e a percepção de continuidade da crise econômica (40,6%) fazem com que 29% dos empreendedores acreditem em vendas inferiores às de 2020, um ano marcado pelo fraco desempenho devido ao início do processo de flexibilização do comércio em alguns municípios. Ainda assim, no comparativo com as vendas de 2021 em relação a 2019, Minas Gerais apresenta um leve aumento (+2,6%) sendo, juntamente com o Espírito Santo e Santa Catarina, um dos únicos estados brasileiros que acusou avanços nesse período.
“O Dia dos Namorados é a sétima data comemorativa mais importante do calendário do comércio varejista. Devido ao elevado apelo comercial e emocional, podemos acompanhar um aumento sazonal nas vendas do setor. A comemoração impacta, em especial, os segmentos de livros, jornais, revistas e papelaria (90,0%); tecido vestuário e calçados (75,9%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (60,7%). Além disso, também impulsiona o ramo de serviços, impactando principalmente os restaurantes e os estabelecimentos de estética”, explica Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, sobre a importância da celebração para o varejo.
No calendário do comércio, o dia encerra o primeiro semestre do ano. Para Gabriela, o desempenho de outras datas até aqui pode ser considerado positivo. “Quando levamos em conta a Páscoa e o Dia das Mães, notamos um aumento no faturamento em relação aos mesmos períodos do ano passado. Neste ano, a Páscoa, por ter ocorrido em um momento com mais restrições ao funcionamento das atividades não essenciais em todo o estado, não obteve um resultado satisfatório. Porém, mesmo diante desse cenário, a celebração apresentou resultados superiores em comparação a 2020. Já o Dia das Mães, por sua vez, teve um aumento de 66% nas vendas, segundo a empresa de máquinas de cartões Rede Itaú Unibanco. Essa expansão pode estar ligada, principalmente, à reabertura dos serviços tidos como não essenciais, o que ocorreu em meados de abril na maioria das cidades mineiras”, analisa.
A economista, no entanto, reforça que a única solução para retomada da economia mineira em 2021 é o avanço da vacinação contra o novo coronavírus. “Sabemos da importância de conciliar a saúde da população e a sobrevivência financeira de milhares de empresas do setor, afetadas pelos prejuízos causados pela pandemia. Só com todos vacinados, será possível garantir o pleno funcionamento das atividades econômicas, garantindo o bem-estar das pessoas e a recuperação da confiança dos empresários. Enquanto não houver esse ampliamento, acompanharemos um crescente desgaste econômico e uma deterioração dos indicadores socioeconômicos”, finaliza.