O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC), completou 6 meses de funcionamento. O método revolucionou a forma como consumidores compram produtos e serviços e, também, como empresas e microempreendedores individuais (MEIs) recebem e processam seus pagamentos. Isso porque as transações são gratuitas, ocorrem em até 10 segundos e podem ser realizadas 24 horas por dia, inclusive, finais de semana e feriados. Ele tem facilitado o dia a dia dos pequenos negócios e gerado economia de taxas bancárias.
De acordo com o BC, mais de 83,5 milhões de pessoas, incluindo os MEIs, e em torno de 5,5 milhões de empresas estão utilizando a tecnologia, totalizando 237,3 milhões de chaves cadastradas. Dados de abril apontam que a taxa de crescimento média, envolvendo o pagamento de cidadãos para empresas, é de 57,5% ao mês.
Para o especialista em finanças Leonardo Rodrigues, a instantaneidade e segurança do Pix trazem impactos positivos sobre o fluxo de caixa dos empreendedores e até na entrega de produtos comercializados eletronicamente. “Evitam as taxas das maquininhas e agilizam o recebimento pelos estabelecimentos. Além disso, permite fazer pagamentos imediatos de fornecedores ou até mesmo funcionários com contas em bancos distintos, sem ter que recorrer ao uso de TED e DOC e suas altas tarifas”, explica.
Ele vai além e diz que a maquininha de cartão e os boletos podem estar com os dias contados e precisarão se reinventar. “Existem comércios que o emitem para pagamento, o que pode levar até 3 dias úteis para constar o valor pago no sistema. Sem falar que muitos consumidores pensam melhor após a impressão do documento e costumam desistir da compra. Já com o Pix, o dinheiro é enviado imediatamente, além de ser uma forma de cortar custos”.
Como funciona?
Rodrigues esclarece que existem duas formas para receber dinheiro usando o Pix. “Uma delas é criar uma chave, podendo ser o endereço de e-mail, número de celular, CPF ou CNPJ. O empresário pode gerar um QR Code e disponibilizar dentro da sua loja. Tudo pode ser feito diretamente pelos canais digitais, como aplicativo ou internet banking, sem a necessidade de qualquer dispositivo”.
Para quem faz o pagamento, o especialista enfatiza que o cliente consegue visualizar todas as informações detalhadas, tais como o nome completo de quem vai receber, o valor e a instituição financeira. “Somente após a verificação e a concordância do consumidor é que a transferência é concluída”.
Ele orienta os empreendedores a como divulgar o Pix e chamar atenção dos clientes. “Cole o QR Code em um lugar de destaque no estabelecimento. Ofereça como primeira opção de pagamento. Caso não possua um código, prefira cadastrar o telefone comercial da empresa, o que facilita o processo. Faça promoções e dê algum desconto. Isso porque o pequeno comerciante já terá vantagens com o Pix, seja na economia com tarifas ou recebimento rápido do dinheiro”, conclui.
Economia e facilidade
Letícia Braga é microempresária e tem um espaço de beleza. Ela relata que um dos problemas que enfrentava eram as taxas de utilização da maquininha de cartão. “Apesar da comodidade, são caras demais e pegam uma parte do valor cobrado pelos meus serviços. O Pix facilitou, porque o dinheiro cai na hora, não importando o banco que a pessoa possui conta cadastrada, além de que a utilização é gratuita”.
Ainda de acordo com Letícia, muitos clientes pagavam por transferência. “Quando era a mesma instituição financeira era ótimo. Se fosse diferente, às vezes demorava até 3 dias para ter acesso à quantia. Eles implicavam e sempre pediam para eu abrir conta no mesmo banco que eles para não poder cobrar a taxa pelo TED. Isso era bastante inviável. Eu até preferia receber em espécie, mas grande parte não gosta de andar com dinheiro”, lembra.
Ela explica que já usa o Pix desde o final do ano passado e nunca teve nenhum problema. “Uma funcionária fica responsável por verificar os pagamentos e guardar os comprovantes. Na questão de faturamento, economizamos um pequeno percentual de cerca de 12%, por conta de não precisar pagar a taxa de transferência cobrada pela maquininha de cartão”.
Quem também comemora o gasto a menos com a utilização do serviço é o cabeleireiro Davi Nogueira. “No início tivemos resistência, inclusive, por parte de alguns clientes. Mas o problema é que não sabíamos como funcionava e nem se era realmente seguro. Foi uma grande novidade para todos. Atualmente, a maioria das pessoas paga usando Pix. Tem sido vantajoso para ambas as partes”, afirma.
Nogueira diz ainda que tem feito os recebimentos apenas em dinheiro ou pelo Pix. “Além da agilidade e ser gratuito, conseguimos economizar mais de 15% com taxas da maquininha. Durante a pandemia facilitou bastante também, pois o cliente envia apenas o comprovante, sem ter mais tanto contato. Antes tinha que pegar o cartão, passar no dispositivo e digitar a senha”, finaliza.