Uma pesquisa feita pela Kearney, empresa de consultoria de gestão estratégica, apontou que 30% das mulheres podem deixar seus empregos devido ao estresse gerado pelo trabalho remoto. Os dados assinalam que 30% delas mudaram para o modelo home office desde o início da pandemia, outras 20% já trabalhavam, principalmente de casa, e 50% continuaram a atuar no escritório ou em outro local.
O objetivo do estudo foi entender como barreiras comuns para o avanço na carreira, incluindo acesso a oportunidades, orientação, carga de trabalho, flexibilidade de cronograma e bem-estar pessoal, foram afetadas pela mudança.
As mulheres analisadas asseguraram que todos os obstáculos profissionais se tornaram mais severos. Em particular, a carga de trabalho, acesso a importantes oportunidades de desenvolvimento, motivação pessoal e bem-estar. Houve ainda um declínio nesse último quesito desencadeado por três fatores: falta de flexibilidade de horário – entre aquelas que estão atuando remotamente, 70% relataram não ter tido nenhuma mudança nesse sentido ou redução no cronograma; dificuldade de lidar com a carga de trabalho. Apesar de apenas 5% terem afirmado aumento em mais de 3 horas diárias, 42% delas em home office reportam dificuldades em gerenciar o volume de tarefas; e queda ao acesso a oportunidades de desenvolvimento e evolução profissional. Entre as respostas das entrevistadas, aparecem afirmações como “o acesso a executivos-chave é muito menor atualmente” ou “precisamos melhorar a comunicação e coaching da liderança”.
A gerente sênior de Recursos Humanos Sandra Strongren explica que a sobrecarga causada pelo home office trouxe mais estresse. “Isso porque elas tiveram que somar tarefas domésticas e cuidados com os filhos à rotina de trabalho. Além disso, com a pandemia, muitas deixaram de contar com o suporte de assistentes que precisaram ficar em suas casas por uma questão de segurança e saúde”.
Para ela, esse índice mostra que o mercado pode não ter se adaptado ao trabalho remoto. “Isso reflete o fato de as empresas mandarem os colaboradores para casa sem flexibilizar os afazeres, uma vez que o home office não significa, necessariamente, flexibilidade”.
A especialista acrescenta que as alternativas para evitar a evasão feminina passam por entender como as mulheres estão se sentindo e quais são de fato suas dores e necessidades. “A empresa pode criar encontros virtuais e individualizados a fim de ouvir cada uma, por exemplo. Elas devem rever a forma como avaliam seus colaboradores. É preciso analisar resultados e entregas, mais do que o tempo que gastam conectados em frente ao computador”.
O índice de mulheres com intenção de deixar seus empregos pode impactar na economia, isso porque o desemprego acaba tirando o poder de compra desse importante grupo de consumidoras. “Além disso, teremos um retrocesso, no que vem sendo feito ao longo dos últimos anos, na busca por igualdade e ambientes de trabalho mais equilibrados,”, conclui.