Uma pesquisa realizada pelo Datafolha aponta que 7 em cada 10 (70%) belo-horizontinos avaliam que a situação da pandemia da COVID-19 na capital está melhorando. Para 12%, não houve nem melhora nem piora no cenário e, para outros 15%, o momento é pior. O levantamento foi realizado nos dias 3 e 4 de novembro de 2020 e ouviu 868 pessoas. O nível de confiança é de 95%. O que significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.
A avaliação que a pandemia está melhorando é majoritária em todas as variáveis sociodemográficas e alcança taxas mais altas entre os homens do que entre as mulheres (76% a 65%), entre os mais velhos do que entre os mais jovens (72% a 58%), entre os mais ricos do que entre os mais pobres (80% a 65%) e entre os que aprovam o governo de Jair Bolsonaro do que entre os que o reprovam (76% a 63%).
Outro ponto que chama a atenção é que, em comparação com a pesquisa anterior, a taxa de mineiros que pretendem se vacinar contra a COVID-19 diminuiu de 81% para 74%. Enquanto que a parcela que não almeja se imunizar subiu 6 pontos, passando de 15% para 21%. De acordo com o levantamento, as porcentagens mais altas de adesão à vacinação está mais entre os homens do que entre as mulheres (80% a 69%), entre os católicos do que entre os evangélicos (80% a 68%) e entre os que reprovam o governo Bolsonaro do que entre os que o aprovam (79% a 68%).
No período, também recuou a taxa de belo-horizontinos favoráveis à obrigatoriedade da imunização para todos os brasileiros, o índice passou de 76% para 62%. Já, a parcela contrária à obrigatoriedade cresceu de 24% para 37%, enquanto 1% não opinou.
O relaxamento no uso da máscara, uma das principais formas de evitar a disseminação do novo coronavírus, também foi observado. Segundo os pesquisadores, que avaliaram no momento da abordagem se os entrevistados estavam usando máscara de proteção e se a utilizavam de forma correta, 68% utilizam o meio de proteção corretamente. Apenas 7% utilizavam máscara, mas de forma incorreta (sem cobrir completamente o nariz ou a boca) e 25% não estavam utilizando o equipamento.
De acordo com os pesquisadores, a taxa de uso e de forma correta da máscara é mais alta entre as mulheres do que entre os homens (74% ante 60%), entre os que têm 60 anos ou mais do que entre os que têm 16 a 24 anos (74% a 62%), entre os mais instruídos do que entre os menos instruídos (76% a 64%) e entre os mais ricos do que entre os mais pobres (80% ante 66%).
Segunda onda?
Questionados sobre se acreditam que uma segunda onda de contaminação do coronavírus poderia acontecer em BH, 76% declararam que não, contra 24% que crê ser possível. A negação da população em relação a uma nova onda, no entanto, não corresponde com a realidade.
De acordo com Estevão Urbano, infectologista, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) e membro do Comitê de Combate à COVID em Belo Horizonte, a capital vive um momento crítico e sequer saiu da primeira onda. “Os índices estão piorando, a taxa de transmissão aumentando e os hospitais com mais casos. Vivemos um risco de piora da primeira onda, na minha visão, a segunda acontecerá mais à frente”, alerta o médico.
Dados do Monitoramento COVID Esgotos, realizado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), apontam que a estimativa de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em Belo Horizonte e Contagem subiu de 450 para 500 mil, indicando que uma nova curva de aumento vem sendo registrada pelos pesquisadores. Para se ter uma ideia, dados de agosto estimavam cerca de 100 mil pessoas contaminadas. Em julho, o patamar de infectados pelo novo coronavírus chegou a ser estimado em 850 mil pessoas nas regiões abrangidas pelo estudo.
Para evitar que a situação se agrave, Urbano reforça que não é o momento de relaxamento, mas de fortalecimento nas medidas de prevenção. “Para evitarmos a piora atual e, principalmente, uma segunda onda é necessário reforço nas medidas que já são conhecidas: contínuo uso de máscara, higiene das mãos, distanciamento entre as pessoas, evitar aglomerações e sair de casa desnecessariamente. Sobre a segunda onda, ela é esperada para o início do ano, aí estamos na expectativa da vacina. Em relação a bares e restaurantes, locais de fácil transmissão, é necessário o máximo rigor nas regras para evitar a disseminação vírus”, finaliza.