Assim, meio sem sal, sem despertar maiores discussões na mídia ou entre os torcedores, o professor Adenor Leonardo Bachi (foto), conhecido e reconhecido mundialmente como Tite, divulgou a lista dos convocados para representar a seleção brasileira que vai encarar a fase classificatória e tentar vaga para a 22ª Copa do Mundo de 2022 lá no Catar.
Faz tempo e bota tempo nesta história, que a lista de convocados causava comoção. A imprensa gastava dias e dias analisando, criticando, elogiando ou cobrando a inclusão ou não de determinados jogadores. Dava até briga.
Nesta época, o Brasil tinha fartura de atletas que mereciam o título de ser chamado de craque. Cada time mostrava no mínimo de 3 a 4 jogadores em condições de vestir a amarelinha. Em determinadas posições o treinador era obrigado a promover adaptações para conseguir reunir tanta gente boa de bola. O celeiro era tão farto que dezenas de craques ficaram fora da seleção. Não por qualidade técnica inferior, mas por absoluta falta de vaga. Os que entraram deram conta do recado com eficiência e louvor. Infelizmente, a seleção brasileira não é mais nem sombra do seu passado fantástico. Desperta pouco interesse do público e até mesmo da imprensa especializada. O que é triste e preocupante.
A maioria dos convocados vive fora do país e poucos já vestiram a camisa de algum time brasileiro. Nunca disputaram um campeonato estadual ou nacional. São conhecidos pela televisão ou redes sociais. Ficam famosos pelo marketing forte desenvolvido pelos seus empresários, muito mais do que pela excelência do futebol que praticam.
Alguém pode questionar. Tem o Neymar. Sim. É realmente talentoso. Mas o tempo vai passando e o seu futebol continua rolando de forma conturbada dentro e fora de campo. Nunca é a solução sonhada. Está sempre na condição de esperança.
O fato é que lendo e relendo a lista atual, fica uma enorme interrogação no ar. Será que estes astros vão dar conta do recado?
Sinceramente, sem querer ser pessimista ou do contra, tenho lá minhas dúvidas. Para as eliminatórias tudo bem, dá para passar. Nossos adversários também não estão bem das pernas. Mas o desafio que interessa é ganhar a Copa do Mundo. O resto é pura perfumaria.
E estamos devendo. Ganhamos 5 e empacamos. Desde 2002 estamos na fila. Dezoito anos esperando, com vários vexames no caminho, o mais terrível deles em 2014. É muita decepção para um futebol que já encantou o planeta. Até parece que a fonte secou.
Uma prova que o trabalho desenvolvido está errado. Que o planejamento é duvidoso. Que forças estranhas parecem dominar o ambiente. Que a monetização se transformou em algo mais importante do que conquistar o titulo maior ou na pior das hipóteses cair de pé, mostrando vontade e qualidade.
Evitei, de propósito, analisar a lista apresentada pelo professor no dia 18 de setembro. Não é justo elogiar ou criticar antes da bola rolar. Não é culpa deles. Estão sendo chamados.
Penso apenas que o futebol da seleção vai se transformando em algo sem tempero, burocrático, sem criatividade. Os adversários não temem mais a gloriosa amarelinha. Uma pena. Está faltando algo a mais.
Tomara que eu queime a língua inteira. Do fundo do coração desejo que a turma do professor Tite consiga resgatar a magia do futebol brasileiro e faça uma campanha brilhante rumo ao hexa.
*Luiz Carlos Gomes
Presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE)
[box title=”O conteúdo deste artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor” bg_color=”#f6f6f6″ align=”center”][/box]