O que era apenas opção, por motivos vários, virou regra por causa da pandemia. Falo das transmissões esportivas a distancia ou via tubo como se falava no passado, agora via live, mais moderninho.
E o que é este bicho estranho que tanto incomoda os profissionais da imprensa esportiva. Nada mais do que ficar no estúdio ou em casa, olhando a tela da televisão para transmitir a alegria e a emoção de um jogo de futebol. Não é tarefa fácil. No fundo é algo bastante complicado e até mesmo frustrante.
Com o terrível coronavírus atacando em todos os flancos, as entidades organizadoras do futebol se obrigaram a seguir um rígido protocolo determinado pelas autoridades sanitárias. Uma complexa confusão de regras que começa no governo federal, passa pelo estadual e chega ao municipal. A aplicação depende da autoridade maior de cada cidade, gerando polemicas e até certo ponto incoerências. Mas sendo pela preservação da saúde geral é importante obedecer.
Jogadores e comissões técnicas precisam passar por uma rígida testagem antes de cada treino ou jogo. Os demais trabalhadores envolvidos em cada evento também precisam passar pelo teste. É um exame chamado PCR. Pode parecer simples, mas é muito incomodo de fazer. Enfiam um cotonete gigante nas narinas e da garganta do cidadão. Se der negativo tudo bem. Mas se der positivo começa um drama. Uma quinzena de isolamento total. Sem nenhum sintoma dá para ir levando. Mas se algo estranho surgir é preciso buscar ajuda médica.
A imprensa esportiva, acostumada a cobrir todos os jogos de perto, ao vivo, também entrou na dança do vírus maldito. E precisa passar pela danada da testagem. E mais, determina o protocolo que cada profissional tem que ficar no mínimo dois metros do companheiro dentro da tribuna de imprensa de cada estádio.
Como tal espaço normalmente já é apertado, obrigando todo mundo a ficar aglomerado, a única solução foi limitar a quantidade de profissionais no estádio, buscando atender as determinações das autoridades sanitárias. Resultado, de uma média de 120 profissionais por jogo, entre narradores, comentaristas, repórteres, redatores, coordenadores e técnicos, caímos para 60.
E o drama não para por ai. Todos são obrigados a usar mascara, inclusive durante as transmissões, medir temperatura e usar o famoso e importante álcool em gel. Imagina o que é transmitir um jogo com a boca tampada.
A saída tem sido usar e abusar da tecnologia. Alguns poucos vão para o estádio e vários outros permanecem nos estúdios, redações e até mesmo em suas residências participando ativamente dos programas e transmissões.
Cada um está se reinventado da melhor forma possível. Driblando a angustia de estar longe dos companheiros, do clima do jogo e até mesmo do barulho da torcida.
Uma mudança drástica e complicada na rotina, mas importante aceitar, sabendo que é para o bem geral. Acreditando com fé que breve tudo voltará ao normal.
O importante mesmo é que a imprensa esportiva sempre foi boa guerreira, acostumada a vencer desafios. Nosso compromisso maior sempre foi e será o de levar ao ouvinte, leitor, telespectador ou internauta a informação precisa, correta, recheada de emoção. Com live ou sem live.
*Luiz Carlos Gomes
Presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE)
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