Segundo dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), o refluxo gastroesofágico acomete cerca de 25,2 milhões de brasileiros, o equivalente a 12% da população. O problema tem tratamento que varia desde as mudanças de hábitos alimentares até cirurgia para correção do quadro.
O gastroenterologista e endoscopista Mauro Jácome explica que se trata de uma condição patológica, em que o conteúdo do estômago reflui, ou seja, retorna para o esôfago em excesso, provocando diversos sintomas e desencadeando complicações. “Sintomas como queimação no peito ou na região epigástrica (parte superior e média do abdome, localizada dentro do ângulo esternal), náuseas, regurgitação, tosse, sensação de bolo na garganta são frequentes. O refluxo pode causar também problemas respiratórios, otorrinolaringológicos e dentários”.
Jácome esclarece que, geralmente, o quadro é proveniente de alterações anatômicas na junção entre o esôfago e o estômago. “A obesidade também é um agente causador do refluxo, além da ingestão de alguns alimentos e medicamentos que reduzem a pressão da válvula inferior do esôfago”.
O diagnóstico requer consulta com um especialista da área. “O profissional vai analisar os sinais e realizar exames como a endoscopia, pHmetria e manometria esofágica, cintilografia ou radiologia”.
Ele acrescenta que existem tratamentos variados. “Pode ser feito com medicações contra o refluxo, procedimentos por endoscopia como a radiofrequência não ablativa Stretta, em alguns casos, a opção é a cirurgia”.
Alimentação
A nutricionista Andrea Marim esclarece que a dieta deve ser equilibrada e variada, sendo importante incluir frutas, vegetais e carnes brancas. “Ainda é recomendado evitar o consumo de alimentos de difícil digestão ou que causem irritação no estômago, como frituras, pimenta, carnes vermelhas, salsicha, linguiça e bacon”.
A especialista lista alguns hábitos que devem ser adotados como comer pequenas porções a cada 2 ou 3 horas; evitar beber líquidos durante as refeições; não comer de 3 a 4 horas antes de deitar ou fazer exercícios logo após ter se alimentado; e aumentar o consumo de frutas e legumes. “Além disso, a pessoa deve comer lentamente, em um ambiente tranquilo e dormir em um ângulo de 45 graus, colocando uma almofada ou elevando a cabeceira da cama a fim de diminuir o refluxo noturno. É importante também diminuir o uso de roupas apertadas, pois podem aumentar a pressão no estômago”.
Andrea ainda faz um alerta: “aqueles que estão acima do peso devem realizar uma dieta equilibrada e hipocalórica, que favoreça no emagrecimento. É fundamental ir a um nutricionista para que seja estabelecido um plano nutricional adequado com as necessidades de cada um”.
Mesmo não estando acima do peso, a consultora de imagem Débora Campos decidiu buscar o auxílio de um nutricionista para aliar ao tratamento do refluxo. “Percebi que, mesmo com a medicação, ainda me sentia mal com alguns pratos, então decidi ter um plano alimentar feito exatamente pra mim”.
Em tratamento há um mês e meio, ela já nota uma melhora no quadro. “Não sinto mais as dores, que era o que mais me preocupava, e o refluxo melhorou muito. Pretendo seguir com o plano alimentar, pois, além de amenizar sintomas da doença, percebi outras diferenças significativas no meu corpo, como intestino, pele, cabelo e disposição física”, conclui.