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COVID: consumo das famílias deve sofrer retração de 5,39%, a maior em 25 anos

A pandemia do novo coronavírus vai abalar significativamente o consumo das famílias brasileiras ao longo de 2020, se igualando aos patamares de 2010 e 2012, descartando a inflação e levando em conta apenas os acréscimos ano a ano. A expectativa é de uma movimentação de cerca de R$ 4,465 trilhões na economia do país – uma queda de 5,39% em relação a 2019 -, a pior em 25 anos, a uma taxa também negativa do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,89%.A previsão é do estudoIPC Maps 2020, especializado no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.

O levantamento aponta que, a exemplo de 2019, as capitais continuarão a perder espaço no consumo, respondendo por 28% a 29% desse mercado. Enquanto isso, o interior avançará com 54,8%, bem como as regiões metropolitanas, cujo desempenho equivalerá a 16,9% neste ano.

A análise destaca ainda a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1, o que elevará o número de residências nos demais estratos sociais. Aclasse B2 lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1 bilhão dos gastos. Junto à B1, estão presentes em 20,9% dos domicílios, sendo responsáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras.

Se para a classe média a migração da alta para os demais estratos é positiva, para quase metade dos domicílios (48,7%), caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475 trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019). Já a classe D/E, que ocupa 28,3% das residências, consome cerca de R$ 437,9 bilhões (10,6%). Mais enxuto, em apenas 2,1% das famílias, o grupo A reduz seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8% contra 13,68% do ano passado).

O responsável pela IPC Maps, Marcos Pazzini, explica que, entre 2019 e 2020, houve redução na quantidade de domicílios na classe A. “A queda foi de 11,8%, o que denota o empobrecimento causado pela pandemia, pois essas residências migraram para classes mais baixas, principalmente as B e C. Quando se tem redução na quantidade de domicílios das classes mais altas, a tendência é que se tenha redução no volume total de consumo”.

Ele acrescenta que a pandemia impacta negativamente no consumo das famílias. “Tanto em termos de valores, como em hábitos. Para 2020 é esperada queda de 5,39% no poder de consumo da população, igualando os valores de 2020 aos praticados em 2012. No quesito categorias de consumo, houve perda expressiva de 50,1% em alguns setores como transportes urbanos, que envolve pagamento de condução de ônibus, trem, metrô etc”.

A redução passa pela aquisição de produtos de eletroeletrônicos. “Geladeiras, fogões, aparelhos de televisão e etc, tiveram uma diminuição de 39,8%. Além disso, a compra de calçados e tênis recuou em 31,0% e na quarta posição está o vestuário confeccionado, cuja queda foi de 28,1%”.

Por região

A pesquisa analisou o consumo por região, sendo que o destaque fica com o Centro-Oeste que ampliou em 7,9% sua participação, respondendo por 8,86% dos gastos nacionais. Encabeçando a lista, embora com pequenas contrações, aparece o Sudeste com 48,42%, seguido pelo Nordeste, com 18,53%. A região Sul que, em 2019, tinha reduzido sua fatia voltou a subir para 17,97% e, por último, aparece a Norte, representando 6,23%.

A oferta para a demanda de consumo também foi analisada e, como de costume, a região Sudeste concentra 51,98% das empresas nacionais, seguida novamente pelo Sul, com 18,15%. Em caminho inverso, as demais regiões reduziram suas atividades: O Nordeste conta com 16,96% dos estabelecimentos, Centro-Oeste com 8,27%, e o Norte com apenas 4,65% das unidades existentes no país.

Mercados potenciais e o futuro

O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a 38,7%, ou R$ 1,759 trilhão de tudo o que é consumido no território nacional. No ranking, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a 3ª posição, deixando Belo Horizonte no 4º lugar.

Já Curitiba sobe para o 5º lugar, ultrapassando Salvador. Na sequência, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia – estão em 10º -, ocupam os mesmos lugares de 2019. Cidades metropolitanas ou interioranas como Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (18º), São Bernardo do Campo (19º) e São José dos Campos (21º), no estado paulista; São Gonçalo (16º) e Duque de Caxias (24º), no Rio de Janeiro; bem como as capitais Belém (14º), Campo Grande (15º) e São Luís (17º) também se sobressaem nessa seleção.

Pazzini vislumbra uma retomada no consumo ainda este ano. “E já está começando com o início da flexibilização, abertura de shoppings, bares e restaurantes, comércios de rua e etc. Minha expectativa é que a recuperação comece mais forte a partir de setembro, outubro, de tal forma que tenhamos um crescimento positivo do consumo em 2021. Será um processo lento, pois houve muita perda de empregos por conta do fechamento de empresas”, conclui.