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Microempresas adaptam formas de se relacionar com clientes na pandemia

Proprietária de uma loja de joias em Brumadinho desde 2017, Bruna Ester Oliveira, já enfrentou crise nos negócios durante a greve dos caminhoneiros, na tragédia do rompimento da barragem da Vale e, agora, na pandemia da COVID-19. Isolada, como grande parte da população, a empreendedora precisou, mais uma vez, se reinventar. “Nesse tempo, procurei orientações e informações de como poderia melhorar as minhas vendas para não fechar minha empresa, que é pequena”, lembra.

Estudando, ela reencontrou o caminho de conexão com as clientes na esfera on-line. “Comecei a divulgar meus produtos em fotos no Instagram, Facebook e aderi ao Whatsapp Business, onde existe a opção de colocar um catálogo com todas as minhas peças. Obtive vários resultados positivos com as ferramentas, que já tinha, mas não sabia utilizá-las da forma correta”, conta.

Bruna não está sozinha. A pesquisa “Pequenos Negócios e o Enfrentamento da Crise do Coronavírus”, feita pelo Sebrae, mostrou que microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas de 18 estados brasileiros mudaram procedimentos e hábitos já estabelecidos em seus negócios para tentar manter o ritmo econômico durante a pandemia. Segundo o estudo, o foco dos consumidores em relacionamentos on-line veio para ficar. Dos 11 segmentos empresariais pesquisados, 54% digitalizaram seus negócios.

Em Minas, os pequenos comerciantes que conseguiram aumentar as vendas no período da pandemia – apenas 4,2% do total de empresas pesquisadas no estado –, a maioria (57,7%) afirma ter melhorado os resultados por terem investido na internet. É o que mostra a análise “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”.

O levantamento mostra ainda que a maior parte dos pequenos negócios mineiros (59%) vende digitalmente, seja por meio de redes sociais, aplicativos ou internet. Deste percentual, 45% disseram que já vendiam on-line antes da crise sanitária, mas 14% ingressaram nessa modalidade depois da pandemia. O WhatsApp é a principal ferramenta para a maioria dos entrevistados (84,3%), seguido pelo Instagram (55,2%).

“Hoje, meu objetivo são vendas on-line porque é mais cômodo para as pessoas. Dedico meu horário comercial às redes sociais e também aos clientes da loja física, mas o tempo todo que estou no estabelecimento fico no computador postando, respondendo e atendendo”, afirma Bruna.

Outra empreendedora que vive um período de grandes mudanças é Marcilene Manoela Bastos. Com a COVID-19, ela precisou fechar sua loja de sapatos e repensar em estratégias para manter o negócio. Apesar de já trabalhar com as redes sociais, a empresária dedicava pouca atenção à ferramenta.

“Logo nos primeiros dias de fechamento, me vi na situação de ter que fazer algo diferente. A loja estava fechada, não tinha faturamento, precisava pagar minhas contas e estava justamente na época de trocar de coleção e ter novas mercadorias, que é algo que ajuda nas vendas. Me veio à mente: vamos investir nas redes sociais. Já tinha um trabalho on-line, mas não era nada efetivo. Praticamente não usava o Whastapp”, conta.

Em pouco tempo, a inércia no mundo digital mudou completamente. “Eu e minha funcionária começamos a fazer vídeos todos os dias para as redes sociais e trabalhar com conteúdos patrocinados. Outra coisa que não fazíamos, começamos na pandemia e tudo indica que vamos continuar são as entregas por delivery. Não houve um aumento grande, mas conseguimos manter as vendas e pagar as contas. Já era meu desejo ter uma loja virtual e, de certa forma, a pandemia abriu meus olhos para fazer algo que já desejava, mas acabava deixando de lado, até que chegou o momento que era isso ou nada”, diz.

Para a empresária, a principal diferença de vender on-line e presencial é o tempo que precisa ser dedicado. “Você tem que criar conteúdo para as redes sociais e responder as demandas dos clientes, pois não adianta nada postar e não interagir. Nem sempre as pessoas estão decididas sobre o que desejam. Às vezes, pedem fotos da loja inteira para definir a compra, mas tem valido a pena” avalia.

Ainda segundo Marcilene, a digitalização do negócio é um caminho sem volta. “O mundo hoje é 100% virtual e o coronavírus acelerou ainda mais esse processo. Quem não tem seu comércio na internet está perdendo tempo e ficando para trás porque tivemos uma evolução nesse período que corresponde a 5 anos. É mais trabalhoso, requer tempo, disciplina e conhecimento, mas é uma necessidade, conclui.