A pandemia da COVID-19 paralisou os planos de muitas pessoas, mas, engana-se quem pensa que eles desistiram de viajar. Uma pesquisa da Overseas Leisure Group apontou que 64% dos brasileiros não veem a hora de poder planejar seu próximo passeio. Os dados ainda mostraram que 91% deles consideram viajar de avião assim que a pandemia for amenizada, enquanto isso, 6,5% vão optar por ir de carro.
Os destinos domésticos são prioridade de 33,5% contra 35% que pretende sair do Brasil para visitar países mais distantes, e 8,9% que ambiciona visitar territórios vizinhos. O restante ainda não sabe o destino. A América do Sul lidera as preferências de quem deseja ir para o exterior, com 36,2%, contra 32,6% em busca de Europa e 22,6% de América do Norte.
Destinos urbanos e resorts em praias são as principais preferências, com 25% cada. Em seguida vêm viagens de carro (12,4%), ilha pequena (7,7%) e outros. A pesquisa também analisou o valor que os brasileiros pretendem consumir nas viagens. Quase metade deles, 49,2%, pretendem desembolsar US$ 250 por dia. Depois, 31% devem gastar até US$ 500 por dia; 8% até US$ 1 mil diários e 12% mais de US$ 1 mil por dia.
O momento, no entanto, é de bastante incerteza. Por isso, inúmeras empresas de turismo têm corrido atrás de maneiras para conseguir continuar vendendo pacotes de viagens, mesmo que o consumidor não saiba quando será possível realizar o passeio. Enquanto as medidas de isolamento mantêm as malas no armário, cerca de 15 hotéis da Associação Roteiros de Charme, criaram o pacote “Celebre a vida quando tudo isso passar”.
O presidente da associação, Helenio Waddington, explica que a ideia é estimular as reservas antecipadas nos hotéis e que poderão ser desfrutadas logo após a pandemia. “Cada hotel determina a porcentagem de desconto ou brinde oferecido ao hóspede. A nossa recomendação é que seja um mimo ou vantagem para estimular as reservas”.
O presidente adiciona que o consumidor poderá conhecer ou revisitar os hotéis com valores diferenciados e outras vantagens ao realizar a reserva antecipada. “Além disso, eles poderão contribuir com os hotéis que estão com suas operações suspensas e ajudar a manter a atividade do turismo de pé até que o fluxo turístico seja retomado”
O projeto, na visão de Waddington, pode ajudar a gerar faturamento aos hotéis, mesmo com a operação suspensa. “Dessa forma, os empresários do ramo poderão manter os empregos, essa é a nossa principal preocupação nesse momento”.
Ele acrescenta que, após a pandemia, uma mudança de comportamento pode acontecer. “Vislumbro as pessoas privilegiando viagens de carros e hotéis com ampla área ao ar livre, possibilitando a prática esportiva e o relaxamento”.
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Algumas mudanças de hábito serão tomadas pela jornalista Paula Kotouč. Apaixonada por viagem, ela conta que a pandemia já deixou uma lição: a de que a vida é muito curta. “De repente, tudo o que a gente conhece como mundo pode nos ser tirado. Temos que aproveitar enquanto podemos”.
Ela acrescenta que vai manter as medidas como usar a máscara em aeroportos, aviões ou em caso de doenças. “Além disso, vou estudar bem as medidas de proteção das empresas e, principalmente, de higiene”.
Para Paula, viajar é um hobby e, quando o isolamento social começou, teve que cancelar duas que estavam planejadas. “Curiosamente, sempre prefiro comprar as coisas direto com as companhias aéreas, mas, nessas duas fiz com agências e que estão me ajudando nos trâmites para o adiamento. Uma era excursão para Marataízes, litoral do Espírito Santo, e a agência propôs que a reserva fique em aberto até a situação normalizar. Meu interesse é ir, mas depende da nova data, no entanto, a empresa se colocou à disposição para devolver o dinheiro de quem desistir ou não puder”.
Já a segunda viagem seria, em maio, para Porto Seguro e o pacote foi comprado na Black Friday. “Foi uma tarifa realmente baixa, mas foi uma data atípica de compra. Ela me ofereceu o cancelamento, o que me geraria um voucher para usar em um ano, o que não me interessa, já que não conseguiria comprar a mesma viagem para duas pessoas sem pagar um valor elevado. A outra opção foi remarcar, mas teria que pagar quase R$ 1,5 mil. Fiquei sem entender, visto que a companhia aérea garantiu isenção da taxa de remarcação e da diferença tarifária”, explica ela que decidiu levar o caso ao Procon.
A jornalista afirma que deve viajar assim que a pandemia passar. “Estou com um pacote comprado para Foz do Iguaçu. De lá, vou tirar alguns dias em Assunção, no Paraguai, a viagem está marcada para outubro. Contudo, só irei se sentir segurança, apesar de valorizar meu dinheiro, dou ainda mais importância para a minha saúde. Estou receosa por ser uma viagem que engloba lugares diferentes”. Em paralelo, Paula também comprou um pacote para Orlando, na Flórida, para o ano que vem.