Uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para se proteger contra a COVID-19 é evitar levar as mãos aos olhos. Para quem usa lentes de contato ou óculos, os cuidados de higiene devem ser redobrados durante a pandemia. Isso porque a superfície desses acessórios pode acumular secreção contaminada e facilitar a transmissão do vírus. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19% da população brasileira sofre com alguma deficiência visual.
A Academia Americana de Oftalmologia recomenda que usuários de lentes de contato deem preferência para os óculos nesse momento. De acordo com a entidade, a substituição serve para que as pessoas possam tocar menos no rosto. No Brasil, a orientação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) é não abandonar o uso, mas aumentar o rigor de limpeza das mãos e da própria lente.
O oftalmologista Rômulo Carvalho reforça que a transmissão da COVID-19 se dá pelo contato de gotículas contaminadas com a mucosa dos olhos, boca e nariz. “É importante se atentar a tudo, principalmente ao falar, tossir e espirrar, além de tocar em superfícies que podem estar infectadas como as próprias mãos, objetos em geral, apoio do ônibus, corrimão, maçaneta, entre outros”.
Ele afirma que, no isolamento social, as pessoas tendem a usar com mais frequência o celular, computador e televisão. “Encarar esses equipamentos por longos períodos pode ocasionar coceira, vermelhidão e irritação nos globos oculares. Por isso, muitos tendem a levar mais as mãos aos olhos. A situação é ainda pior para os usuários de lentes de contato”, alerta.
Ainda segundo o especialista, não há necessidade de suspender o uso das lentes. “Quem usa deve ter uma atenção mais cuidadosa. É preciso limpar bem as mãos e o rosto com água e sabão antes de retirá-las ou colocá-las. Higienizar o acessório com a solução própria para cada tipo de lente. Esse líquido é um removedor de proteína e é suficiente para matar o vírus. Também é recomendado pingar lubrificante ou colírio sempre que possível e não a usar por mais de 12 horas seguidas”.
No caso dos óculos, o oftalmologista salienta que eles podem funcionar como uma barreira de proteção e impedir que o vírus entre em contato imediato com os olhos. “Mesmo assim, não vai adiantar nada se não tivermos cuidados básicos e mantermos uma higiene adequada. Vale lembrar que, independente de pandemia, não devemos compartilhar objetos pessoais. Também evite colocar os óculos sobre a cabeça, pendurar na roupa ou apoiar em diversas superfícies”.
É justamente por estarem a maior parte do tempo no rosto que a limpeza dos óculos é fundamental. “O ideal é higienizá-los de duas a três vezes ao dia, usando apenas água e detergente neutro. Use um pano macio ou uma flanela para secar e não riscar as lentes. Também vale usar álcool 70% para limpar as hastes. Outros produtos como sabonete líquido ou shampoo devem ser evitados, pois eles podem estragar os óculos”, alerta.
Os cuidados que os trabalhadores de serviços essenciais e quem precisa sair de casa devem ter são ainda mais importantes para evitar o contágio. “Eles lidam com diversos públicos, mexem com dinheiro, produtos e utilizam o transporte público. Nesses casos, a recomendação é que evitem levar as mãos no rosto e nos óculos para não correr o risco de contaminação. A higienização é a melhor prevenção neste período de pandemia”, conclui.