Um dos setores que está sendo impactado diretamente pelas medidas de isolamento social, cancelamento de eventos e fechamento do comércio é o de floricultura. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o segmento; que é responsável por movimentar R$ 8,67 bilhões em toda cadeia, gerar 210 mil empregos diretos e mais de 800 mil indiretos; já acumula prejuízos de R$ 297,7 milhões em duas semanas.
E as estimativas para o futuro não são boas: contando com produtores, atacadistas e varejistas, para o mês de abril, estima-se que as perdas devam somar mais de R$ 669,8 milhões. E, para o Dia das Mães, principal data de vendas do setor, sendo considerado o Natal da floricultura brasileira, se houver a extensão da quarentena até o início de maio, o prejuízo estimado é de R$ 396,9 milhões.
Renato Opitz, diretor do Ibraflor, diz que, após o Dia das Mães, se nada for feito, haverá um cenário devastador, com a falência de 66% dos produtores e desemprego de 120 mil pessoas nas áreas produtivas. “Totalizando os três períodos, teremos deixado de vender cerca de R$ 1,364 bilhão. É esse o valor que necessitamos, sendo 30%, pelo menos, a curtíssimo prazo, para já evitar a falência de produtores, transportadores e comercializadores, entre outros que fazem parte desta importante cadeia para a economia nacional”, explica.
Ainda de acordo com o Ibraflor, caso as exigências sanitárias de quarentena permaneçam, haverá a falência de todos os produtores de flores e folhagens de corte, que geram 50% dos empregos do setor e participam com 30% do mercado; de 60% dos produtores de flores e plantas de vaso (25% dos empregos e 39% de participação no setor) e de 40% dos produtores de plantas ornamentais e para paisagismo (exceto grama), onde estão alocados 25% dos trabalhadores e que correspondem a 31% das vendas.
Opitz afirma que ainda não é possível fazer previsão de quando o segmento irá se recuperar dessa crise. “Esse é um cálculo complicado para fazer neste momento, pois não sabemos quando o isolamento social irá acabar e nem o que ele pode causar de desaceleração econômica”.
Alternativas
Para tentar diminuir o estrago econômico no setor de floricultura, o Ibraflor tem apelado ao governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, e aos governos estaduais para que flexibilizarem as regras para o setor. Em carta enviada ao assessor da pasta federal, Sérgio Zen, o instituto relata os dados mostrados acima e demonstra preocupação com o futuro. “Já fizemos diversos pleitos para o governo pedindo para que os produtores tenham condições de fazer frente a essa falta de faturamento imposta pela COVID-19. Além do que já foi oferecido para os empresários, foram feitos alguns pedidos especiais, principalmente na linha de crédito, para dar um alívio maior nas contas e fluxo de caixa”, esclarece Opitz.
Já para os lojistas do segmento, o diretor afirma que é necessário voltar com o funcionamento das lojas, mas respeitando todas as regras sanitárias recomendadas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde. “A questão não é a flexibilização da quarentena, mas uma comercialização com responsabilidade. Estamos pleiteando que os pontos de vendas continuem funcionando dentro de todas as regras de higiene, segurança e distanciamento das pessoas”, finaliza.