Na semana passada, os mineiros tomaram conhecimento, por meio de nota, da desfiliação do vice-governador Paulo Brant do Partido Novo. Em 2018, para disputar o cargo pelo qual foi eleito, ele se valeu da estrutura partidária, o que inclui, naturalmente, a ideologia da sigla, considerada por muitos como retrógrada, para não dizer hermética. Apesar disso, a legenda conseguiu eleger deputados em vários estados brasileiros, incluído 2 parlamentares estaduais em Minas: Guilherme da Cunha e Bartô.
Nos meandros da Assembleia Legislativa, as especulações sobre a decisão do vice-governador seguiram intensas. Uma das vertentes aponta que Brant se afastou do Partido Novo porque ficou à margem do governo mineiro ao não ser direcionado à coordenação política. A outra, defendida pelos membros dos partidos de oposição, afirma que a não ida para dialogar com os segmentos políticos, em nome do Palácio Tiradentes, se deve ao fato de que ele não tem experiência para exercer esse tipo de atividade.
Crise na ALMG
Sem sombra de dúvidas, a decisão do governador Romeu Zema (Novo) de vetar o seu próprio projeto que concedia aumento de mais de 40% para os servidores da segurança deixou a Assembleia Legislativa em pé de guerra. Contudo, passadas as primeiras 24 horas, entrou em cena um grupo tentando amenizar os efeitos da crise. As greves e manifestações, ao que tudo indica, seriam inevitáveis, mas, até o momento, não há possibilidade disso acontecer, pois o motim provocaria uma ruptura entre o Legislativo e Executivo.
Apesar dos conflitos, na avaliação de alguns líderes sindicais, não seria adequado fazer movimentos bruscos na tentativa de inviabilizar o mandato do governador, para ter, quem sabe, Brant no comando do Estado. Para a deputada petista Beatriz Cerqueira, seria trocar seis por meia dúzia.
Ainda sobre a Casa Legislativa, está nítido, que a partir de agora, a tendência é que deputados estaduais fiquem cada vez mais independentes em relação aos atos do governo. Ou seja, os parlamentares tendem a votar as matérias de interesse, ouvindo, principalmente, as bases eleitorais.
Outro fato que mexeu com os ânimos na ALMG foi a saída do então secretário de Governo, Bilac Pinto. Sobre o assunto, o deputado Gustavo Valadares (PSDB) foi ácido em nota divulgada. No entanto, ele fez questão de articular uma reunião com os membros do seu partido, que inclui 9 parlamentares, para discutir o caminho a ser seguido. Além desses deputados, Valadares também atua como líder do bloco de apoio ao governo estadual, no qual reúne 19 parlamentares.
Além disso, há ainda uma aliança política contra Zema em construção, unindo o Avante e o PT. Esse grupo se juntaria aos interesses do prefeito Alexandre Kalil (PSD) com vistas ao projeto político de 2022. O denominado “grupo do Kalil” está mais fortalecido, pois tem em seu bojo dois dos três senadores mineiros: Carlos Viana e Antonio Anastasia, sendo que Anastasia está aliado ao prefeito graças a uma articulação vinda diretamente de São Paulo, por intermédio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Por certo, a assessoria política do governador há de raciocinar que ele, como mandatário maior do Estado, não pode se envolver em temas relacionados à sucessão deste ano. Sem ser incomodado pelo governador Zema, o “grupo do Kalil” pode até conquistar a meta de eleger 100 prefeitos por meio do Avante, PT e PSD.
Segundo deputados de oposição, caso isso aconteça, a instabilidade política do chefe do Executivo mineiro poderia até piorar a partir do próximo ano.