Desde o ano passado, as famílias brasileiras estão consumindo mais. Após o período de recessão, que começou em 2014, no qual o poder de compra caiu, principalmente, devido ao aumento do desemprego, a população apresenta sinais de que está se recuperando.
Uma prova disso é que de acordo com o estudo IPC Maps 2019, especializado no cálculo de índices de potencial consumo nacional e com base em dados oficiais do governo federal, estima-se que, para este ano, o gasto das famílias brasileiras deverá chegar a R$ 4,7 trilhões, sendo responsável por 64,8% da somatória de bens e serviços.
Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, relata que essa avaliação tem como base o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, que cresceu 1% e do aumento de 1,9% no consumo das famílias. “Isso pode parecer estranho, mas não é. Acontece que o aumento do poder de compra das pessoas esteve ligado a intervenções feitas pelo governo, com a liberação de dinheiro do PIS/Pasep e das contas inativas do FGTS. E, para este ano, o mercado já aguarda a liberação de uma parte do fundo de garantia”.
Apesar dessas ações terem causado impacto positivo para a economia nacional, Pazzini diz que o crescimento não aconteceu de forma saudável. “Esses valores que estão sendo liberados para os cidadãos é um dinheiro devolvido em uma hora não propícia e que, futuramente, poderá fazer falta. Além disso, é importante reiterar que todas essas medidas são paliativas e estão maquiando a situação. Não é apenas trocando o presidente que iremos resolver o problema econômico do Brasil. Precisamos gerar investimentos, com a redução da carga tributária, o que também aumentará o número de empregos e, consequentemente, teremos renda e consumo elevados”.
Outros dados
Com mais de 210 milhões de habitantes, o Brasil concentra 84,8% dos seus cidadãos, ou seja, 178,1 milhões de pessoas, na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de R$ 24.420,15. Enquanto isso, os gastos dos 31,9 milhões de cidadãos rurais correspondem a R$ 10.498,72 por habitante. Além do mais, as capitais perderão espaço, de 29,6% em 2018 para 28,9% este ano, e, em contrapartida, o interior dos estados voltará a dar sinais de recuperação, elevando de 54% para 54,4% a movimentação de recursos em 2019.
Os 50 maiores municípios brasileiros, embora continuem em ligeira queda de desempenho, possui 39,43%, ou R$ 1,848 trilhão, de tudo o que é consumido no território nacional. No ranking dos municípios, os maiores mercados permanecem sendo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, que subiu uma posição e ultrapassou Brasília, seguidos por Salvador, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre e Manaus.
Em relação às classes sociais, a B continua puxando o cenário de consumo, com 20,97% dos domicílios e com cerca de R$ 1,67 trilhão dos recursos que serão gastos pelos brasileiros em 2019. Cada vez mais próxima, a classe C aparece com 37,5% (cerca de R$ 1,63 trilhão) dos desembolsos, representando 48,08% das residências e; no topo da pirâmide, a classe A, com 2,45% dos domicílios, aumenta seus gastos para 13,68% (R$ 595,2 bilhões) neste ano, ante 13,4% em 2018.
Já a classe D/E, sobe de 9,6% para 10,41% (R$ 452,9 bilhões) neste ano, representando 28,5% dos domicílios. Na área rural, essa movimentação terá uma evolução significativa: de R$ 304,8 bilhões em 2018, passará a R$ 335,9 bilhões em 2019.
Em BH
Ainda segundo o levantamento, em Belo Horizonte, as despesas com manutenção do lar e alimentação devem ser as que mais irão onerar o bolso do trabalhador, com aproximadamente R$ 115 bilhões e R$ 49 bilhões, respectivamente. Já as despesas com livros e material escolar devem ser as menores, com quase R$ 3,2 bilhões. “As despesas essenciais têm pesado muito no bolso de todos e isso atrapalha o gasto com artigos que não são considerados tão importantes”, finaliza Pazzini.