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Brasileiros têm R$ 277 bi em “nada” dentro de casa

Cerca de 72% dos internautas brasileiros pensam em vender os itens de casa que estão em desuso. A prática, segundo levantamento feito pelo Ibope Conecta, encomendado pela plataforma OLX, seria mais do que positiva, uma vez que geraria uma receita adicional de até R$ 277 bilhões na economia.

A pesquisa aponta ainda que as pessoas estão mais adeptas em passar adiante as bugigangas paradas em casa, atualmente, 85% da população possui algum produto não usado. Nos últimos 2 anos, por meio da OLX, houve um crescimento de 31% no número de pessoas que negociaram algum item online.

Os segmentos cujo objetos são mais vendáveis são o de “Eletrônicos e celulares” (84%); “Para sua casa” (81%); e “Artigos infantis” (77%). “Música e hobbies” e “Moda e beleza” também se destacam, ambas representando 74%.

O especialista em finanças Ricardo Maila explica que o excesso de consumo é um ponto a ser observado. “O exagero mostra que algumas pessoas possuem problemas no que se refere às suas finanças pessoais, acumulando dinheiro em produtos e serviços que não voltarão”.

Gastando cerca de 150 horas por mês para trabalhar e produzir o salário, o brasileiro, na opinião de Maila, não reflete tanto a maneira de consumir. “O tempo que usamos para ganhar dinheiro é muito maior do que o que gastamos para usá-lo. Na maioria das vezes, não pensamos em nossas prioridades e compramos por impulso”.

Segundo ele, esse hábito ruim é cultural. “O brasileiro vive um reflexo de países que tem como base da economia o consumo, a exemplo dos EUA. Porém, temos receitas menores e custos maiores”.

O meio social também afeta nessa questão. “Influencia diretamente o modo que consumimos ou desejamos gastar. As mídias sociais têm acelerado ainda mais a compulsão de consumir, além de promoções e campanhas que, em algumas vezes, nos enganan. Não ir ao shopping nem sempre significa não gastar, uma vez que com cliques em sites e apps. Já é possível criar rombos no orçamento”.

O especialista adiciona que, de fato, vender itens parados em casa pode ser um passo importante. “É um modo de dar oportunidade para alguém comprar mais barato também. Mesmo que o valor seja menor, vale a pena porque aquele dinheiro ficará perdido se o objeto ficar parado. Mas o ideal é aprender que compras erradas devem ensinar ajustes futuros”.

Como desapegar?

O vice-presidente executivo da OLX Brasil diz que muitas pessoas usam determinado produto, uma vez a cada ano, e acreditam que vão utilizá-lo novamente, mas isso não acontece. “Por isso, acham que ninguém teria interesse em comprá-lo, porém, na hora de tentar vender, acabam se surpreendendo”.

Ele elucida que o objeto precisa estar em boas condições. “Isso é positivo porque as pessoas adquirem itens a valores mais acessíveis e que podem ser úteis. Trata-se de um novo modelo de economia e é preciso enxergar a importância de desapegar”.

Ele acrescenta que o hábito está crescendo no país. “O ideal é que cada vez mais brasileiros desapeguem do que não usam. Inclusive, já existe uma mudança de comportamento mais consciente em relação aos hábitos de consumo”.

Essa reflexão tem sido feita pela estagiária em administração Larissa Santos. “Um dia, uma amiga me colocou em um grupo do Facebook, onde as mulheres vendiam e trocavam roupas. Decidi fazer uma faxina no meu quarto e me espantei com o tanto de coisa que não usava”.

Apesar de ser organizada, Larissa nem recordava de algumas peças. “Sabe aquelas que ficam no fundo da gaveta? Lavei tudo, tirei fotos e vendi a preços bem em conta: blusas, bolsas, sapatos e vestidos. Em uma semana, arrecadei R$ 385”.

Após isso, ela repensou seus hábitos. “Sempre tinha a sensação de não ter roupa ou sapato, mas notei que isso é consequência de uma desorganização. Coloquei um propósito de só comprar o necessário e, sempre que possível, desapegar de alguns itens”.