Home > Opinião > Como começar 2019 com a vida financeira no azul?

Como começar 2019 com a vida financeira no azul?

A pergunta feita no título desta matéria vale R$ 1 milhão, principalmente com as despesas de fim de ano. Mas é bom lembrar que outros gastos estão por vir e que um novo ano, sem dívidas, deve ser planejado desde janeiro. No Brasil, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que têm débitos ou contas em atraso, ficou em 22,9% em novembro. O Edição do Brasil conversou com educador financeiro Sandro Borges sobre como reorganizar a vida financeira em 2019.

Como se organizar para economizar durante o período de festas de fim de ano?
As despesas de fim de ano precisam ser incluídas no planejamento de janeiro. As pessoas não fazem isso, mas a primeira parcela do 13º, por exemplo, deveria ser usada para comprar os presentes à vista. Para quem tem mais cuidado guardar, inclusive, para as primeiras despesas de 2019 pode ser uma boa. O importante é se preparar durante o ano, seja qual for a ocasião.

Qual a melhor forma de gastar o 13º?
Historicamente, segundo pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o 13º é usado para pagar dívidas. Ele é um incremento na renda e deve ser utilizado para necessidades primárias, ou seja, saldar o IPVA ou comprar os materiais escolares dos filhos no início do ano. Para aqueles que o 13º é sobra, pode-se planejar uma viagem no ano seguinte, para as próximas férias, reforma da casa, investir numa pós-graduação, etc.

É possível organizar a vida financeira quando não sobra dinheiro?
Todo mundo ganha pouco dinheiro durante uma fase da vida, independente da profissão, pode ser um pedreiro, professor, desenhista, contador, etc. A pessoa precisa progredir para depois pode ganhar mais. A questão da organização não quer dizer que você está ganhando muito ou pouco. A ideia é se educar financeiramente independente se você é casado, estudante, pai, mãe ou filho. Isso resulta em um consumo sustentável e responsável. Têm pessoas  conseguem poupar o ano todo, mesmo ganhando R$ 2 mil. Planejamento independe do salário, é preciso buscar novos hábitos.

No caso de uma pessoa desempregada, é o momento para quê?
Tem sempre aquela conversa de “se reinventar”, a gente sabe que isso é difícil, mas se você ficar parado dentro de casa é mais complicado. Olhe para sua expertise e se pergunte: “No que eu sou bom? Qual é o meu diferencial?”. Você sabe fazer um bolo diferente? A coxinha que você faz é elogiada? Ou um bombom? Ou um tipo de serviço? Pode ser auxiliar de alguém? Será que pode ser garçom à noite? É claro que não é fácil, mas não há outro caminho. A melhora da economia é lenta.

Em caso de débitos, quais devem ser priorizados?
Os primeiros são o cartão de crédito e o cheque especial, ambos têm juros de mais de 300% ao ano. No caso de uma pessoa desempregada com dívida bancária, não é vergonha dizer que não tem dinheiro para pagar. Empresas vão à falência para se recuperarem judicialmente. Se você não consegue arcar e isso está infernizando sua vida e da sua família, ligue para o banco, peça para falar com o gerente e informe sua situação. A recepção pode não ser boa, mas você pode tentar negociar juros menores. Mande um e-mail ou grave a ligação. Se o banco não topar sua proposta, pelo menos, você tem um registro que tentou. Sempre deixando claro seu compromisso de quitar o débito, assim que for novamente empregado.

Como economizar nas compras de início do ano?
Pesquisar nunca sai de moda. Sempre vai ter um estabelecimento que vende um caderno por R$ 12,90 e um outro que vende o mesmo por R$ 19,90. O ideal é que materiais escolares, como mochilas, sejam comprados antes porque o preço é o do ano anterior. Os custos sempre inflam em janeiro e fevereiro. O dinheiro é curto, não dá para organizar as contas de dezembro em dezembro, se preparar é um ano antes. E assim deve ser para organizar o Natal, Páscoa, Carnaval, etc. Se você não se preparou, pesquise. Mesmo que você compre cada item em um lugar, aproveite o melhor preço de cada um. Outra estratégia é que alguns lugares dão desconto de até 10%, se você fechar o pacote com eles. Se ainda assim, não der, analise se não é possível deixar de comprar nesses primeiros meses do ano.

Como avaliar gastos que podem ser cortados em 2019?
Minha dica é a metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar). Primeiro, diagnostique: quanto você ganha por mês líquido? Conte com esse valor. Durante um mês, com uma agenda no bolso ou aplicativo, anote todos os seus gastos, seja com sorvete, estacionamento, cinema, vestuário, perfume, etc. Até uma bala precisa ser anotada. Com esse raio X, você vai saber quanto sobrou e com o quê gasta mais. Segundo passo é o seu sonho, para entender quanto custa uma viagem para o Chile em outubro de 2019, por exemplo, é necessário fazer um orçamento, saber se vai de automóvel ou avião, orçar com as companhias aéreas, etc. Depois você vai poupar, sabendo que precisa economizar R$ 300 por mês para fazer a viagem. E de onde esse dinheiro vai sair? É de algum trabalho extra? É de economizar energia da minha casa? Vou trocar o plano de internet? Em um ano, você sabe quanto precisa economizar, no que pode diminuir suas despesas ou se o sonho precisa esperar mais.

Quais hábitos financeiros precisam ser abandonados em 2019?
A compra por impulso. Você vai em um shopping com um amigo tomar um sorvete e acaba comprando uma roupa, um telefone ou uma bolsa. A compra a prazo também sempre traz juros embutidos, comece a comprar à vista. Junte antes para comprar depois, mesmo que não dê para pagar tudo de uma vez, você pode dar uma entrada boa e parcelar menos.

Para quem aprendeu a poupar, investir é uma opção. Como saber o tipo ideal de investimento?
Investimento começa com a pergunta: “Qual o meu sonho?”. É trocar de carro? Se aposentar daqui 20 anos? Casar daqui 2 anos? O primeiro passo é definir seu projeto. Minha dica para leigos é o Tesouro Direto que é o mais simples, no site (www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto) há um tutorial para novatos que simplifica tudo. Com R$ 30,00 por 2 anos, você já começa a investir. A poupança hoje está rendendo cerca de 4% anualmente, há um título em aberto no Tesouro para 2025, que rende 9,5%. Ou seja, o dobro. Isso se você esperar o prazo final de 7 anos. Depois de uns 3 anos treinando no Tesouro, você pode se aprofundar em outras opções.