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Por que a mulher livre sexualmente incomoda tanto?

Para sexóloga, mulheres já conquistaram muito, mas caminho ainda é longo | Foto: Reprodução/Internet

 

Sônia Eustáquia

A liberdade sexual feminina está em alta. Prova disso é o aumento na oferta de itens que auxiliam a mulher a se empoderar e a viver essa autonomia. O tema tem sido tratado nos filmes, livros e séries e o pano de fundo é quase sempre o mesmo: mulheres têm tanto direito ao prazer quanto os homens. O assunto, porém, gera polêmica. Contudo, sendo a sexualidade algo inerente ao ser humano, por que esse tabu acerca da liberdade sexual feminina ainda existe? Para falar um pouco mais sobre o assunto, o Edição do Brasil convidou a psicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia.

O que é a liberdade sexual?
A capacidade sexual é inerente à condição humana. Trata-se de um elemento constitutivo que, além de trazer prazer, alegria e desejo de viver, diferencia a nossa espécie. A liberdade sexual é o respeito ao exercício da sexualidade dentro da escolha de cada um.

Por que a liberdade sexual feminina ainda é algo que incomoda a sociedade?
Esse incômodo vem do fato de toda a sociedade ter que se adequar a ideia de que as mulheres têm os mesmos direitos do homem. Com isso, surge a competição no mercado de trabalho, o compartilhamento de tarefas domésticas e, principalmente, o exercício da liberdade sexual. Tudo isso mostra que, se antes os papéis eram tão definidos, hoje não são mais. A mulher vem se construindo em suas escolhas e posicionamentos. A dificuldade em se adaptar ao inédito ou mesmo ao desconhecido tem gerado alguns conflitos, especialmente, no casamento. E, tudo que atinge a organização familiar, afeta profundamente a sociedade.

Como esse tabu acerca da sexualidade feminina aprisiona as mulheres?
A mulher, assim como qualquer ser humano, não aguenta lidar com grandes pressões. A sociedade ainda é machista e nós não estamos livres disso: acabamos reproduzindo, principalmente no que diz respeito à educação dos filhos homens. Os exemplos falam mais do que as palavras e a construção familiar ainda privilegia os meninos em sua liberdade de expressar suas sexualidades. Nós, mães/ mulheres, permitimos e fazemos isso o tempo todo na educação dos nossos filhos de maneira consciente ou inconsciente.

Você acha que as mulheres querem quebrar essa ideia de que não podem ser sexualmente livres?
Infelizmente, acredito que não é o desejo de algumas mulheres quebrarem essa ideia. Porém, a liberdade sexual tem que existir. Hoje, a mulher transa com quem bem entender, faz uso dos mesmos aplicativos do homem para marcar encontros, escolhe quantos e quando ter filhos ou mesmo em não tê-los. Em partes, somos livres sim.

Qual caminho a mulher deve percorrer para se libertar das amarras da sociedade?
Penso que devemos seguir no caminho que, sabiamente, já estamos trilhando. É só uma questão de tempo. Grandes mudanças socioculturais e pessoais levam tempo. Fazendo um balanço, nós mulheres, já conquistamos muito, com bravura e sem medo. Essa é a saída.