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Preço do gás de cozinha pode chegar a 10% do salário mínimo

Considerado um bem de primeira necessidade para as famílias brasileiras, o valor do gás de cozinha tem assustado os brasileiros. Somente neste ano, o produto soma cinco altas e o preço do botijão de 13kg – o mais usado nas residências – pode chegar a quase R$ 90 em algumas revendedoras de Belo Horizonte, segundo pesquisa realizada pelo Mercado Mineiro. Além disso, a variação dentro da capital mineira pode chegar até a 60%.

O último aumento foi anunciado no dia 6 de novembro e o gás de cozinha deve aumentar 8,5%. Com isso, o botijão de 13kg passa a custar R$ 25,07 para os estabelecimentos. Ademais, desde 2017, quando houve uma alta significativa, de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,2 milhão de residências brasileiras voltaram a usar lenha ou carvão para cozinhar.

O diretor do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, afirma que essas altas aconteceram depois da mudança da política de preço da Petrobras. “Antigamente, a empresa tinha um regime voltado para o mercado interno e, agora, ela aumenta ou diminui o preço de acordo com a cotação do dólar ou com o mercado externo, pois há uma nova concepção de que deve-se pensar também nos investidores”.

Na avaliação de Abreu, o aumento prejudica tanto o consumidor como também o comerciante. “Esse último reajuste foi pesado, tanto que o mercado não está correspondendo e, segundo vários revendedores, eles não estão repassando essa mudança por haver um medo de perder ainda mais clientes. As pessoas não estão comprando”.

Em outubro, o valor médio do botijão era de R$ 70,70 e hoje é de R$ 71,85, isso quando o consumidor busca o produto no depósito. Quando o botijão é entregue em casa, o valor vai para R$ 78,18. Porém, como em qualquer reajuste em produtos básicos, os que mais sofrem são os assalariados. “São essas pessoas que mais precisam do gás de cozinha. Uma família comum, utiliza um botijão e meio por mês, pois precisam do fogão para fazer praticamente tudo, afinal não há sobras no salário para comer fora de casa. Então, fazendo as contas, esse valor gasto pode chegar até a 10% do salário mínimo”.

Para o diretor do Mercado Mineiro, a única saída para questão seria a redução de impostos no produto. “Há dois lados, o da empresa que precisa gerar lucro para os seus acionistas e o do povo que necessita daquele bem. Então, para tentar resolver esse problema, deveria haver uma redução das taxas que incidem sobre o gás. O governo deixaria de receber um pouco para aliviar o bolso dos brasileiros”.

O que diz a Petrobras:
Por meio de nota, a empresa atribui o aumento do gás ao mercado internacional. “A desvalorização do real frente ao dólar e as elevações nas cotações internacionais do gás liquefeito de petróleo (GLP) foram os principais fatores para a alta. A referência continua a ser a média dos preços do propano e butano comercializados no mercado europeu, acrescida da margem de 5%”.

Pesquisa de preço
Abreu reitera que, neste momento, o melhor a se fazer é pesquisar o preço em todos os lugares, afinal pode-se encontrar gás de R$ 59 até R$ 90, sendo que os bairros Vista Alegre, na região Oeste, e Santa Helena, no Barreiro, é onde há os melhores preços e os mais caros estão no Paquetá e Liberdade, ambos na região da Pampulha. “Essa variação é normal, entretanto, nesse caso, ela não depende da localização, mas sim da concorrência. Há poucos depósitos de gás na Zona Sul porque os aluguéis são mais caros, então nem vale a pena ter. Mas cabe ao consumidor pesquisar e questionar também os valores praticados”.

Mudanças de hábitos
A dona de casa Silvania Macedo conta que o aumento do botijão de gás a fez mudar alguns hábitos dentro da cozinha. “Eu faço, por exemplo, arroz para mais dias, estou deixando o feijão de molho de um dia para outro, porque cozinha rapidinho, e evito fazer assados. Além disso, troquei algumas marcas de produtos, como o feijão, farinha de trigo, manteiga, leite e fermento em pó, também para economizar”.

Ela também vende bolos e conta que está segurando ao máximo para repassar essa última alteração. “Ainda não aumentei o preço dos bolos porque sei que não está fácil para ninguém”, finaliza.