Contas atrasadas, despesas extras, férias em família, matrícula da escola, são algumas das dificuldades financeiras enfrentadas pela maioria dos brasileiros nos últimos meses do ano. E para quem está nesse aperto, o recebimento do 13º salário pode ser um alívio no bolso do trabalhador. Segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do benefício vai injetar R$ 211,2 bilhões na economia brasileira até dezembro. O valor representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Mais de 84 milhões de trabalhadores do mercado formal, inclusive aposentados, pensionistas e empregados domésticos, receberão o dinheiro extra. De acordo com a pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (ANEFAC), a destinação do 13º salário será para o pagamento de dívidas para 86% dos que receberão o benefício. Aqueles que tem intenção de poupar para ajudar com as despesas de começo do ano somam 3%. Apenas 2% pretendem poupar parte que sobrará.
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) reforçam o motivo pelo qual muitos usarão o dinheiro. A quantidade de inadimplentes cresceu 4,22% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado. A estimativa é de que 62,89 milhões de brasileiros estejam com o CPF restrito para fazer compras a prazo ou contratar crédito.
O valor extra vem em um bom momento e ajuda muitos a saírem do vermelho, como é o caso da recepcionista Renata Garcia. “Vou usar o dinheiro do 13º quase todo para quitar algumas dívidas em atraso. A fatura do cartão de crédito será uma prioridade de pagamento, pois os juros são bem altos. Acredito que ainda deva sobrar uma boa quantia mas, por enquanto, vou deixar guardada para alguma emergência”, afirma.
Gasto consciente
Segundo especialista em finanças Alexandre Santos, a grande quantidade de pessoas que pretendem quitar dívidas com o dinheiro do 13º salário mostra que o brasileiro está mais consciente. “Mesmo com outras prioridades, o trabalhador enxerga esse valor extra como uma possibilidade de sair do vermelho e começar o ano tranquilo e com as obrigações financeiras pagas”.
Ele explica que também é preciso separar uma parte para as despesas de começo do ano. “Inevitavelmente, em janeiro chegam as contas de IPTU, IPVA, gastos com livros, uniformes, matrícula, entre outros. Se for possível reservar algum dinheiro e quitar essas despesas à vista, além de poder negociar descontos, seu orçamento não fica comprometido durante o ano”.
Outra dica dada pelo especialista é aproveitar as campanhas de negociação e quitação de dívidas dos serviços de proteção ao crédito. “Os valores de juros e multas podem sair muito mais baixos para facilitar o pagamento”. Ele também diz que para evitar entrar no vermelho novamente a solução é juntar o dinheiro e optar por pagar à vista. “Um dos grandes vilões é o cartão de crédito. Mas se não tiver saída, prefira parcelar nos menores prazos possíveis”, conclui.