Após o período de estagnação econômica, um dos maiores responsáveis por girar o capital no país começa a retomar seus hábitos: o consumidor final. Prova disso é que uma pesquisa feita pelo Índice de Potencial de Consumo (IPC Maps) prevê um crescimento de 3% no índice de consumo das famílias. Em valores, essa expansão deve movimentar R$ 4,4 trilhões até o fim de 2018.
O Sudeste continua liderando o ranking com 48,81% do consumo. O Nordeste mantém o segundo lugar com 18,84% e a região Sul segue com 18,07%. Em contrapartida, Centro-Oeste e Norte caem de 8,51% para 8,39% e de 5,93 para 5,89%, respectivamente.
A pesquisa avaliou também o perfil de consumo urbano por extratos sociais, que apresentou pequenas variações, mas seguiu as características dos últimos anos. A classe B, presente em 22,3% dos domicílios, está no topo da lista, respondendo por 40,4% (cerca de R$ 1,64 trilhão) de todo o consumo. Depois vem a classe C, predominante em 48,2% das residências, movimentando 36,5% (R$ 1,51 trilhão). Já a classe A, com 2,6% dos domicílios, consome 13,4% (R$ 555,3 bilhões).
Diferentemente das anteriores, as classes D/E, que representam 27% das residências, reduzem seus gastos de 10,3% para 9,6% (R$ 396,5 bilhões). Na área rural, o consumo evolui para R$ 304,8 bilhões ante os R$ 300 bilhões, registrados em 2017.
O responsável pelo estudo, Marcos Pazzini, afirma que os resultados poderiam ser melhores se não fosse o primeiro semestre. “Agora estamos experimentando as altas de preço por conta do dólar, mas o índice de crescimento está em um bom nível. Além disso, tivemos 3 anos de queda do poder de compra da população e um cenário recessivo, desde 2014, que não favorece”.
Ele acrescenta que a economia gira a partir do gasto, que é movimentado apenas com emprego e renda. “Há um crescimento pequeno, mas que faz com que a população tenha um potencial maior de assumir compras de bens que não são só de primeira necessidade”.
Destaque para o interior
Engana-se quem pensa que os maiores índices de consumo estão nas capitais e regiões metropolitanas. Segundo Pazzini, o potencial de consumo dos municípios do interior do Brasil está em ascensão desde 2005. “De 2017 para 2018, o IPC do interior não cresceu, mas a tendência de desenvolvimento do potencial de consumo é grande”, adianta.
Cuidado com a inadimplência
Contudo, é importante ressaltar que o gasto traz o risco da inadimplência. “O consumo, durante um bom tempo, girou por causa dos financiamentos via cartão de crédito ou carnê. E essa facilidade acaba refletindo em altos índices de endividamento. O que não aconteceu apenas em 2018, uma vez que as dívidas dos brasileiros já se acumulam de outros anos, tanto que parte da população perdeu sua renda e não teve como arcar com os custos do que comprou”.