A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de, por unanimidade, aceitar a denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB), tornando-o réu de uma ação penal por corrupção ativa e obstrução da Justiça compromete a pré-candidatura do senador Antonio Anastasia (PSDB) ao Governo de Minas. Sem o senador tucano na disputa, o deputado federal Rodrigo Pacheco (Democratas) se torna o principal adversário do governador Fernando Pimentel (PT). Além de poder contar com o apoio do próprio Anastasia, Pacheco vem se credenciando para angariar a maior parte das legendas que fazem oposição ao governo petista.
O entendimento de interlocutores do PSDB é que a missão de Anastasia, diante dos reveses envolvendo nomes da legenda, tornou-se muito difícil e de que o melhor caminho seria o apoio a Pacheco. O senador, inclusive, chegou a gravar um vídeo apoiando o deputado antes de sinalizar sua intenção de voltar a disputar o governo, pressionado pelos companheiros da legenda. Anastasia aceitou o encargo como uma missão partidária para dar um palanque a Geraldo Alckmin em Minas. Com a decisão contra Aécio, dificilmente manterá sua candidatura. Sem contar que o ex-governador de Minas pelo PSDB Eduardo Azeredo pode ter o julgamento que o condenou em segunda instância.
Ao mesmo tempo, a entrada da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa por uma vaga ao Senado por Minas tem gerado atrito com o MDB, complicando uma aliança com Pimentel, já que reaproxima o partido de Pacheco. As negociações dessa aliança estão em fase inicial e, para bater o martelo, o MDB quer garantir que a parceria com o Democratas em Minas também seja firmada em São Paulo. Nessa operação casada, o DEM apoiaria o candidato do MDB para o governo de São Paulo, Paulo Skaf. “Minha candidatura está colocada. Venho fortalecendo o partido no interior. Tenho conversas adiantas com Progressistas, Avante, PEN, PTC e Solidariedade”, afirma Pacheco.
Em Minas, o ex-presidente da Assembleia Dinis Pinheiro, se filiou ao Solidariedade com a intenção de se candidatar ao governo. Mas seu novo partido negocia nacionalmente um acordo com o Democratas que lançou a pré-candidatura à Presidência da República do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). O ex-ministro Aldo Rebelo, recém-filiado ao Solidariedade, pode ser vice na chapa de Maia. Com isso, essa costura nacional pode se repetir em Minas, tendo Pacheco como cabeça de chapa e Dinis como seu vice. “O deputado federal Toninho Pinheiro (Progressistas) e a deputada estadual Ione Pinheiro (Democratas), irmãos de Dinis, já garantiram apoio a Pacheco”, lembra um interlocutor do Solidariedade.
Por sua vez, o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) vem encontrando dificuldades para angariar apoios, situação que pode levá-lo à disputa do Senado. Lacerda não é unanimidade nem no PSB, partido no qual o deputado Júlio Delgado, líder na Câmara dos Deputados, lhe faz forte oposição interna e também já anunciou apoio a Pacheco.
Na esfera nacional, caso decida entrar na disputa pela Presidência da República pelo PSB, o ex-ministro Joaquim Barbosa já mandou um recado a Lacerda. Diz que será mais fácil uma “vaca voar” do que dividir palanque com o ex-prefeito de Belo Horizonte.