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43% dos jovens de MG apresentam riscos de dependência de celular

É notório que, a cada dia, o celular está se tornando um objeto indispensável na nossa vida. Com a evolução tecnológica, os aparelhos conseguem fazer de tudo um pouco, desde ligações de vídeo até baixar aplicativos que auxiliam nas tarefas diárias. Porém, essa relação entre homem e máquina pode estar extrapolando os limites.

Para rastrear a dependência existente dos jovens em relação ao uso do celular, um grupo de professores, profissionais, estudantes de medicina e psicologia do Centro Regional de Referência em Drogas (CRR) da UFMG, realizou um questionário com 415 alunos de variados cursos de graduação da instituição. O resultado indicou que 43% possuem risco de dependência e, desse grupo, 33% tiveram o diagnóstico posteriormente.

Das pessoas que tiveram a dependência de smartphones detectada, 94,9% são solteiras, a maioria (56%) tem renda familiar mensal superior a três salários mínimos e é mais comum em mulheres (55%).

Para entender melhor esses dados, o Edição do Brasil conversou com Júlia Khoury, uma das autoras do estudo e professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG.

O uso excessivo do celular pode ser considerado uma doença?

Há dois tipos de uso do smartphone, o funcional (considerado o normal) e o patológico (avaliado como dependência). Para constatar o segundo caso, é necessário avaliar algumas características, como o fato de não conseguir mais controlar o uso, mesmo em atividades incompatíveis; aumentar o hábito de mexer para satisfazer o prazer que era saciado com um tempo menor; e o afastamento do convívio social.  Existem pessoas que abandonam atividades porque não conseguem ficar afastadas do celular, outras que diminuem as horas de sono para mexer no dispositivo e isso afeta no rendimento escolar ou no trabalho. E quando são obrigadas a se privarem do smartphone, apresentam sintomas parecidos com os da dependência de algumas drogas, ficando irritadas, nervosas e impacientes, sendo que isso passa quando voltam ao usá-lo.

Quais são as pessoas mais afetadas por essa dependência?

Adolescentes e adultos jovens, principalmente entre 16 e 25 anos. Isso acontece porque eles têm familiaridade com a tecnologia, estão mais adaptados e tendem a fazer uso mais abusivo. Além disso, são influenciados pelos comportamentos dos pares, então se um faz algo, os demais também querem fazer, principalmente por imposição das redes social. Há ainda o fato do cérebro ser imaturo e, por isso, há mais dificuldade de controlar o impulso de usar o celular, sobretudo em lugares que são proibidos. Aliás, as redes sociais são os principais dispositivos associados à dependência, pois quem tem smartphone está conectado à elas.

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Há alguma forma de evitar isso?

Existem algumas estratégias, como reduzir as notificações luminosas e sonoras que ficam aparecendo na tela, afinal diminui a vontade de olhar o celular. Outra dica é deixá-lo em outro ambiente quando fizer uma atividade que precisa de concentração.

 Qual é o processo de diagnóstico da doença?

Geralmente as pessoas que estão próximas percebem primeiro que há algo de errado, pois quem está dependente sempre deixa o convívio social para ficar de olho no smartphone e isso acaba atrapalhando as relações sociais.

Como tratar?

Primeiro é importante procurar um psicólogo ou psiquiatra para orientação, pois, na maioria das vezes, outros fatores psiquiátricos favorecem o uso do smartphone. Por exemplo, pessoas que são ansiosas tendem a usar mais. Então é interessante buscar um profissional da saúde mental para diagnosticar, afinal o tratamento da ansiedade ajudará na redução do uso do celular.

[box title=”” align=”center”]O Ambulatório de Dependências Químicas e Comportamentais do Hospital das Clínicas da UFMG atende pacientes com dependências sem necessidade de encaminhamento do posto de saúde. Os atendimentos ocorrem às segundas-feiras, das 8h às 12h, e podem ser marcados no local. Endereço: Hospital Bias Fortes. Alameda Álvaro Maciel, 175, Santa Efigênia – 6º andar[/box]