Home > Geral > Inclusão: Roupas e estampas feitas por presas ganham notoriedade na capital

Inclusão: Roupas e estampas feitas por presas ganham notoriedade na capital

Sabe o que acontece quando unimos moda, sustentabilidade e responsabilidade social? Nasce uma nova marca cheia de história para contar. É a Libertees, que chegou ao mercado com a coleção “Vida”. As estampas são inspiradas em ilustrações desenvolvidas pelas detentas do presídio Estevão Pinto, em Belo Horizonte. O lançamento fez tanto sucesso que a griffe foi parar no Minas Trend Preview, um dos maiores eventos de moda do Brasil.

Tudo começou com a empresa Liberte-se, que existe desde 2010, sob a responsabilidade da empresária Marcella Mafra. “Nós fazemos confecções de sacolas promocionais para eventos. A mão de obra é carcerária e a fábrica é dentro da penitenciária. Elas chegam sem saber nada e nós vamos treinando e ensinando costura para elas”.

Ela recorda que viu uma exposição de pinturas feitas pelas detentas e pensou que unido a moda, daria um ótimo projeto. “Há uma escola funcionando lá dentro e a arte feita é linda. Montei um projeto junto com as secretarias de Educação e de Defesa Social para que pudéssemos utilizar os desenhos como estampa e, com esse trabalho em conjunto, tudo foi dando certo”.

“Não esperávamos essa repercussão e aceitação”, aponta Daniela Queiroga, uma das sócias do projeto. “Pensamos na marca com a intenção de fazer algo mais educacional. Optamos pelo viés da moda, porque ela se comunica e expressa por si só. A partir disso, fomos buscar maneiras de criar a griffe. Além do trabalho de produzir as peças, outras detentas contribuíram com as estampas. E, como não podemos comprar as pinturas, 5% das vendas são revestidas em material de artes para a escola do presídio”.

Ela acrescenta que o pano de fundo da coleção é a reinserção social. “As detentas vão para a fábrica sem saber nada e aprendem a costurar. Isso é uma valorização do que acontece de bom em uma penitenciária. Infelizmente, na maioria das vezes, só é mostrada a parte ruim”.

Trata-se também de uma responsabilidade social. “Nós, empresários, temos que pensar no que devolvemos para a sociedade. No nosso caso são mulheres que, de alguma forma, irão sair de lá diferentes”.

A sócia do projeto elucida que torce para que a sociedade abrace a ideia. “Estamos contribuindo para torná-las melhores. Recordo-me de uma detenta que dizia que nem pensava em sair da penitenciária, ela já tinha aceitado aquela vida. Depois de ingressar em nosso projeto, ela não vê a hora de poder sair, porque voltou a ter perspectiva. Sabe que terá uma profissão, planos de negócios e isso é muito bacana”.

É o que também afirmam os representantes do presídio Estevão Pinto. “Os benefícios de fazer parte de um projeto como esse são muitos. Além delas receberem remição da pena, concedido pela Justiça, pelo trabalho prestado, é algo que melhora a autoestima”.

Para Daniela e suas sócias, o resultado não poderia ser outro. “Ficamos satisfeitas e emocionadas ao ver o projeto se concretizar. Perceber as pessoas felizes e participando de todo o processo de produção, desde as primeiras peças até a coleção pronta, é uma sensação indescritível de dever cumprido e de poder ser útil”.

[table “” not found /]