Aquela figura de um empresário como uma pessoa velha está mudando, afinal, conforme pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo (GEM), o número de jovens de 18 a 24 anos que decidiram investir em um negócio próprio saltou de 16,2 em 2014 para 20,8, em 2015. O estudo ressalta ainda que os dados tendem a se manter nessa linha de crescimento.
Além disso, outro levantamento, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), aponta que dois a cada três jovens no Brasil pretendem se tornar empreendedores nos próximos anos.
Paulo Almeida Maciel, 25, é um desses jovens que decidiu ser o seu próprio patrão. Formando em economia e, atualmente, trabalhando em um banco, ele conta que a vontade de empreender começou quando tinha apenas 16 anos. A sua mãe fazia deliciosos pães de mel e o então adolescente viu nessa empreitada uma oportunidade para ganhar dinheiro.
Durante a graduação é que Maciel teve o primeiro contato com o universo empreendedor. Um amigo abriu um negócio de camisas promocionais e o chamou para ajudá-lo, porém a loja não foi para frente. Dois anos depois, incentivado pela namorada, o jovem abriu novamente o empreendimento, que está funcionando até hoje. “Voltei a trabalhar com as mesmas coisas que fazia antes, mas comecei do zero e encarei o negócio de outra forma, tanto que com o dinheiro que consegui juntar, vou montar a minha franquia”.
Desde o ano passado, o economista analisava o mercado de franchising e fechou o negócio há, mais ou menos, 3 meses. Ele abrirá uma loja de delivery de pizza, chamada Fórmula Pizzaria. Maciel conta que, antes de comprar a franquia, participou de feiras e estudou o setor onde está investido. “Alimentação, educação e esportes são os ramos que dificilmente tem crise. O que mais gosto é o de alimentação, analisei o que mais encaixa no meu perfil e cheguei à conclusão de que delivery seria o melhor para mim”.
Ele acrescenta que prefere trabalhar 12 horas por dia em algo que o instigue, como os desafios de ter um empreendimento próprio, do que em um escritório onde a carga horária é a metade. “O meu perfil não é trabalhar em escritório, quero novos estímulos e empreendedorismo é desafiador. É isso que quero para a minha vida”.
Quando abrir a pizzaria, Maciel sairá do seu emprego no banco e ficará administrando a sua loja de camisas promocionais e a franquia.
Franquias em alta
O economista explica que preferiu apostar em um franquia devido a uma série de facilidades que esse modelo de negócio proporciona ao empreendedor. “Algumas pessoas acham que franquia não é empreender, mas quem comprar é que vai tocar o negócio e o sucesso da empresa não depende da franqueadora. O lado positivo é o fato de ser algo já testado e ter a logística toda formatada”.
E é devido a esses fatores que esse modelo de empreendimento tem conquistado mais adeptos. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do setor cresceu 9,4%, no primeiro trimestre do ano, na comparação com igual período de 2016; e a receita passou de R$ 33,7 bilhões para R$ 36,8 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o volume de recursos arrecadado com as vendas teve alta de 8,8%.
Para Lucien Newton, consultor do Sebrae e da ABF, a preferência por uma franquia se deve ao fato desse modelo ter sete vezes mais chances de sucesso do que os demais. “Isso acontece, basicamente, pela fórmula adotada pelas franquias, que consiste em usar uma marca única, sólida e de um no hall famoso”.
Newton destaca que existem franchisings de vários segmentos, desde o setor alimentício a locação de carros e lojas de roupas; e com diversos preços, com investimentos que podem variar de R$ 5 mil a R$ 5 milhões, sendo que os mais comuns no Brasil são os de, aproximadamente, R$ 75 mil.
Para quem pensa em investir neste mercado, o consultor ressalta que, por mais que as franquias sejam um empreendimento mais seguro, ela ainda possui riscos que devem ser calculados antes de comprar a marca. Além disso, outros fatores que podem levar a sua loja ao sucesso são estudar e ter afinidade com o segmento no qual quer investir. “Não adianta investir em um setor que está na moda ou no que vai dar dinheiro. Existem mais de 3 mil franquias em todo o Brasil, com certeza uma vai se encaixar no seu perfil. O negócio que não dá certo é aquele que o franqueado entra e percebe que não era o que queria”.