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Conheça pessoas que com gestos transformam vidas

“Fazer o bem sem olhar a quem”. Esse velho ditado popular parece estar ficando arcaico, afinal as estatísticas de violência estão crescendo a cada dia. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), de 2011 a 2015 mataram-se mais pessoas no Brasil do que na Síria, país que está em guerra civil.

Porém, essa matéria não tem como objetivo trazer informações sobre como estamos a cada dia mais ameaçados. O real propósito é mostrar que ainda existe boas pessoas dispostas a mudar a realidade onde vivem.
Laisa da Silva Costa, 15, observou que o seu colega de classe, Márcio Antunes de Carvalho, 15, não ia de uniforme para a escola. Intrigada com a situação, a menina questionou à sua professora o porquê daquilo estar acontecendo. A resposta para a pergunta não foi a que a estudante esperava: ele não ia com a roupa padrão, pois não tinha condições de comprá-la. Para mudar isso, a adolescente resolveu fazer uma vaquinha entre os colegas da turma para comprar o uniforme. “Consegui juntar os R$ 25 durante a aula de filosofia. Dei o dinheiro para a minha mãe, que comprou a blusa e a levei no dia seguinte”. Ela conta que a reação de Márcio foi gratificante. “Ele não sabe falar direito, mas me deu um abraço que senti que era verdadeiro e estava feliz”.

Vilma Moreira, 67, avó do estudante, conta que ele sofre de deficiência mental e confirma que o menino ficou alegre com a atitude da colega. “Meu salário estava atrasado, por isso que o Márcio ainda não tinha o uniforme. Na antiga escola, que era municipal, tudo que precisava era dado. Agora, como está em uma estadual, temos que comprar”.
Laise também comprou uma calça, mas ainda não a entregou porque a escola está de greve. “Essa minha vontade de ajudar o próximo vem desde pequena, pois a minha mãe sempre me incentivou a fazer isso. Espero conseguir ajudar ainda mais pessoas para que elas passem isso para frente”.

Madalena Gomes Vilaça, 59, também tenta mudar a realidade das crianças do bairro onde mora, por pelo menos um dia. Conhecida como Dona Madá, ela realiza, há 12 anos, uma festa para os pequenos no dia 12 de outubro, data que se comemora o Dia das Crianças.

Ela conta que a ideia da festa surgiu quando estava passando por um problema familiar e fez uma promessa que iria fazer algo para as crianças. “Comecei com uma reunião bem simples, só tinha biscoitos e doces, mas graças à Deus, hoje consigo dar brinquedos e fazer uma festa bem bonita”.

A última comemoração feita por Dona Madá recebeu, aproximadamente, 300 crianças. Para arrecadar dinheiro, ela diz que faz rifa, pede ajuda nas mercearias e supermercados da região, além de divulgar nas creches e contar com a ajuda de vizinhos. “Não adianta apenas ter dó, tem que fazer algo para mudar”.
A ajuda da senhora não fica restrita apenas aos pequenos, ela também faz a “campanha do quilo”, na qual arrecada cestas-básicas para 30 famílias. “Tento fazer o que posso para ajudar”.

Mais saúde

A neurologista, Elizabeth Comini, afirma que o ato de realizar uma boa atitude envolve o conceito de empatia, ou seja, capacidade de se colocar no lugar do outro. De acordo com a médica, diferentes áreas cerebrais estão envolvidas no processo de empatia. “Fazer o bem a outra pessoa sem esperar o retorno libera os neurotransmissores seroronina e dopamina, responsáveis pela sensação de bem estar e tranquilidade, em várias áreas do cérebro ligadas às emoções. São as mesmas substâncias que são liberadas quando nos sentimos incluídos, cuidados, pertencentes a um meio, a uma comunidade e uma família”.