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Trump desagrada aliados e pode sofrer impeachment

O futuro dos Estados Unidos é incerto desde que Donald Trump assumiu a presidência do país – ele completou um mês no comando de uma das maiores potências mundiais. O professor de Relações Internacionais e Geopolítica da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Ricardo Ghizi, analisa que o republicano está cumprindo as principais promessas eleitorais, como dificultar a imigração de refugiados, desfazendo tratados comercias e climáticos, além de mudar algumas normas de importação de produtos.

Ghizi avalia que quando mais Trump executa o que foi dito em sua campanha eleitoral, menos apoio político tem. “Tenho a impressão que ele está brincando de ser presidente e os americanos estão com vergonha disso”. O professor acredita que, com essa postura radical, ele está desagradando vários setores da sociedade, como os empresários e até mesmo os próprios políticos do partido republicano. “Para aprovar a ministra da Educação, Trump perdeu votos até dentro do próprio núcleo político”, relembra.

Outro fator que demonstra desgaste na figura do presidente foi a suspensão, ordenada por um juiz de Seattle, do decreto que proibia a cidadãos do Iraque, Iêmen, Irã, Síria, Líbia, Somália e Sudão – ambos os países são de maioria mulçumana – de entrarem nos Estados Unidos. “Alguns analistas acreditavam que ele seria mais ponderado, porém não é isso que está acontecendo”, disse Ghizi.

Trump também não está agradando os empresários americanos. O republicano pretende aumentar as taxas de importação de produtos oriundos de outros países, para tentar proteger a indústria nacional. Segundo o professor, essa política protecionista foi feita na Alemanha, durante o nazismo, e Itália, no período do fascismo. “Várias empresas americanas dependem de produtos importados, como é o caso das companhias de tecnologia”.

Possível impeachment

Trump assumiu a vaga o lugar de Barack Obama com a menor popularidade dos últimos 40 anos: apenas 40% da população americana o aprovava.

Para Ghizi, ele não vai conseguir completar o mandato como presidente dos Estado Unidos, pois ele está desagradando várias pessoas poderosas. O professor também fez uma alusão entre o comportamento do republicano e da ex-presidente Dilma Rousseff. “Para comandar qualquer país, é necessário fazer alianças”, disse.
Caso o prognóstico de Ghizi se concretize, o magnata seria o primeiro presidente americano a sofrer o impeachment.

Impactos no Brasil

O Brasil exporta, segundo dados do Observatory of Economic Complexity (OEC), US$ 27,3 bilhões para os Estados Unidos, sendo que o país é a segundo maior importador de produtos nacionais, ficando atrás apenas da China.

De acordo com o professor, as medidas protecionistas americanas podem ser uma alavanca para o Brasil comercializar com países que eram deixados de lado, como o México. “O exportador vai ‘abrir os olhos’ para mercados que podem ser bem mais lucrativos do que o americano”.

O cidadão brasileiro já está sofrendo com as mudanças na legislação migratória. Para tentar entrar nos Estados Unidos, seja para morar ou passar férias, está mais difícil, pois o visto americano está mais criterioso. Além disso, os brasileiros que estão morando lá, seja legalmente ou não, já enfrentam dificuldades para conseguir emprego.

Entenda

No dia 20 de janeiro deste ano, Donald Trump assumiu como o 45º presidente dos Estados Unidos. O republicano tornou-se conhecido pelo seu jeito polêmico, extravagante e pouco diplomático. Dono da rede de hotéis e cassinos, ele virou uma celebridade nacional quando apresentou o reality show The Apprentice – traduzindo para o português: O Aprendiz. Com o lema Make America Great Again! (Faça a América Grande De Novo), Trump liderou e venceu as primárias do seu partido, contando com o apoio da classe ultraconservadora. Na disputa nacional, ele derrotou a candidata democrata Hillary Clinton.