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Salário mínimo

A Constituição Brasileira prevê uma correção do valor do salário mínimo sempre que houver aumento da inflação para as pessoas não perderem o poder de compra. Isso está escrito na Carta Magna, no entanto, o piso atual nunca esteve tão defasado.

Os cálculos das autoridades financeiras indicam uma perda da ordem de 2,5%, ou seja, o piso de R$ 1.213,84, está valendo RS 1.193,37, exatamente por causa do desconto da inflação. Atualmente, cerca de 64% das aposentadorias e pensões em todo o Brasil recebem apenas um salário mínimo. O cenário para quem está vivendo esta realidade não é nada animador. Basta analisar a projeção realizada pelo economista da Tendências Consultoria, Lucas de Assis.

Segundo a análise dele, 2021 foi o primeiro ano, desde 2000, que a massa total de salários pagos pela Previdência teve queda. “O governo federal está acuado por conta de uma série de problemas e, diante desta realidade, não há previsão para uma mudança de roteiro. Melhoria real no valor dos beneficiados só por volta de 2026”, disse.

Os problemas ocasionados pela pandemia ainda estão presentes, há “fantasmas” rondando muitos brasileiros, especialmente os menos favorecidos, uma vez que eles perderam os empregos e, agora, são obrigados a aceitar condições de trabalho piores do que antes da COVID-19.

A crise econômica tem levado muitas famílias a uma situação complicada, pois os preços estão sendo majorados cotidianamente, o que compromete a contratação de coisas básicas, como saúde, lazer e alimentação. Em entrevista, o economista João Saboia lamentou a decisão oficial de não reajustar os valores do piso nos últimos 3 anos.

Ele ressaltou que o salário mínimo ajuda a reduzir a pobreza extrema. “É uma vertente para distribuição de renda e, ao longo dos anos, vem proporcionando a melhoria no aquecimento da economia, pois as quantias recebidas pelos beneficiados vão direto para o consumo”. Para ele, nos centros urbanos o impacto disso é menor, no entanto, nas regiões mais pobres é ainda devastador.

É necessário exigir bom senso das autoridades públicas para que decisões concretas sejam levadas a efeito, visando conter essa escalada de descontrole econômico. Convém ressaltar ainda que em tempos de inflação alta, os pobres ficaram mais pobres, os trabalhadores perderam o poder de compra, enquanto que os poderosos ficaram ainda mais ricos dentro de suas bolhas repletas de privilégios. Um absurdo, diga-se de passagem.