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Em ano de pandemia, setor de cruzeiros cresce 7,6% no Brasil

Os 8 navios que percorreram a costa brasileira com 470 mil passageiros a bordo elevaram o crescimento do segmento de cruzeiros marítimos em 7,6% em comparação à temporada anterior (2018/2019). Os dados da pesquisa produzida pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV) estimam que a última temporada do setor teve impacto econômico de R$ 2,24 bilhões no país.

Mesmo com um período mais curto devido à pandemia do novo coronavírus, que teve início em novembro de 2019 e se encerrou em março de 2020, os números atingiram a projeção esperada. “A previsão era de que, em 2019/2020, esse impacto fosse de R$ 2,2 bilhões e conseguimos esse resultado. Se a temporada tivesse seguido seu período normal (até abril), com certeza esses valores poderiam ser ainda maiores. O cenário econômico favorável se deu, principalmente, porque o período escalonado pelas autoridades públicas para interrupção de atividades foi implementado já na segunda quinzena do mês de março, ou seja, no final da temporada brasileira, fazendo com que grande parte das receitas já tivessem sido computadas”, explica o presidente da Clia Brasil, Marco Ferraz.

O levantamento também mostra que o setor gerou R$ 296 milhões em tributos e empregou 33.745 mil pessoas, uma média de 4,2 mil empregos por navio, no período. Turistas e tripulação navegaram por Santos, Rio de Janeiro, Búzios, Salvador, Ilha Grande, Ilhabela, Ilhéus, Recife, Maceió, Angra dos Reis, Porto Belo, Cabo Frio, Ubatuba, Itajaí e Balneário.

Perfil do viajante

O estudo aponta que o gasto médio com a compra de um cruzeiro foi de R$ 3.256 e o tempo médio da viagem foi de 5,2 dias. Já nas cidades de escala, o impacto econômico médio gerado por pessoas foi de R$ 557,32. Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes foram compras e presentes (R$ 335,2 milhões), seguido por alimentos e bebidas (R$ 333,4 milhões), transporte (R$ 177,8 milhões), passeios turísticos (R$ 146 milhões), transporte nas cidades visitadas (R$ 71,3 milhões) e hospedagem antes ou após a viagem (R$ 46,4 milhões).

As mulheres são o principal público e representam 61,9% dos viajantes de navio. Em relação ao estado civil, 61% são casados, já a idade da maioria dos entrevistados (43,9%) é entre 35 e 54 anos.

Quanto à frequência, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro, em média, aproximadamente 4 vezes. Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 66,2% informaram o Litoral Nordeste, e entre os que apontaram interesse em realizar cruzeiros no exterior, 41,8% indicaram o Caribe e 36,8% a Europa.

Temporada 2020/2021

De acordo com Ferraz, ainda não há projeção de expectativas. “Estamos trabalhando para a concretização da temporada 2020/2021, com previsão para acontecer entre novembro e abril, tanto para os navios dedicados ao país, o que chamamos de cabotagem, quanto para os que podem fazer suas viagens de longo curso passando por aqui. Ainda estamos consolidando os números reais de impacto da pandemia no setor, mas estamos certos de que, em breve e com a máxima segurança, teremos a oportunidade de rever nossos hóspedes, criar experiências memoráveis e visitar diversos destinos, contribuindo para um impacto econômico positivo nos locais por onde as embarcações passam, voltando a gerar renda e postos de trabalho”, diz.

Segundo a Clia Brasil, os novos protocolos para retomada do segmento estão sob avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com acompanhamento do Grupo Executivo Interministerial (GEI), que elaborou um grupo técnico sobre o assunto composto por diversos órgãos e ministérios, como Saúde, Infraestrutura, Turismo, entre outros. “Eles foram desenvolvidos por painéis de especialistas contratados pelas companhias marítimas, com base na ciência, na medicina, últimas tecnologias, inovações, e nas diretrizes de autoridades locais e globais de saúde, incluindo a Anvisa, a Organização Mundial da Saúde, os Centros de Controle de Doenças dos EUA, entre outras”, assegura Ferraz.