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Startup de Betim lança “iFood dos Remédios”

Todo mundo já ficou doente e sabe: saindo do consultório é hora de pegar o telefone ou sair de casa em busca dos melhores preços para medicação receitada. E foi durante um período de recuperação que o empreendedor de Betim Everson Costa percebeu que não existiam aplicativos que agrupassem funções como pesquisar preço das farmácias mais próximas, comprar pelo celular e receber no local que desejar.

“Precisava comprar um antibiótico um pouco mais caro, acima de R$ 100. Na farmácia mais próxima da minha casa, estava R$ 5 mais caro. Na segunda, R$ 10. Na terceira, R$ 20. Acabou que tive que voltar lá na primeira para fazer a compra”, relembra ele que, hoje, é CEO do Remederia, aplicativo que promete atender essa demanda do mercado.

O modelo é semelhante ao consagrado iFood, em que os usuários escolhem a sua refeição com base nos cardápios dos restaurantes da sua região e são atendidos pelo serviço de delivery. Ao abrir o aplicativo, o usuário pode tirar uma foto do rótulo do remédio ou digitar o nome do medicamento para pesquisar o seu preço nas farmácias mais próximas. A compra pode ser paga pelo celular no cartão de crédito, débito ou dinheiro. Para drogarias que não fazem entregas, o aplicativo fará esse serviço. O valor do frete deve ser direcionado 100% para o entregador, uma espécie de Uber para entregas de remédios.

O aplicativo está em fase de testes em Betim, mas o plano do CEO é ousado: expandir, nos próximos 3 meses, para Belo Horizonte, para em seguida chegar a São Paulo. “Se a gente der certo em BH, podemos dar certo em qualquer cidade. Após essa fase, a estratégia é, basicamente, abrir o Remederia para receber novos investidores e investir parte desse dinheiro para conseguir o mesmo êxito pelo país. Estes parceiros vão lucrar em faturamento ou vendas lá na frente”.

Na contramão da crise

Ao contrário de outros setores da economia, o mercado farmacêutico brasileiro não teve tempo ruim. No ano passado, o varejo cresceu 12,86% em comparação ao mesmo período de 2016, de acordo com pesquisa da empresa IQVIA, The Human Data Science Company.

Nos últimos 2 anos, a indústria farmacêutica fechou com uma taxa real de 6,53%, enquanto o PIB brasileiro fechou negativo no mesmo período, segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SINDUSFARMA).

Segundo os dados da QuintilesIMS (2017), empresa que audita o mercado farmacêutico mundial, o Brasil, que em 2011 ocupava a 10ª colocação no ranking mundial do setor, alcançou o 6ª posto em 2016 e, atualmente ocupa 8ª. Estima-se que até 2021, deve figurar no top 5.

É nesses números que o economista Alípio Souza, um dos sócios de Everson, está de olho. “Dados da NRC Consultoria e CMED mostram que o faturamento no ramo de medicamentos foi superior a R$ 63,5 bilhões em 2016 e o mercado farmacêutico de varejo atingiu um volume de vendas de 5,2 bilhões de unidades de medicamentos em 2017”.

O objetivo do aplicativo é, em até 5 anos, transacionar 10% das vendas de medicamentos no Brasil. O valor total transacionado em 2017 foi de R$ 50 bilhões, o que totaliza R$ 5 bilhões.  Destes, o Remederia planeja ficar com uma fatia de 5%, um total de R$ 250 milhões para investir e faturar.

Na prática

O Edição do Brasil conversou com representantes de drogarias de Betim, sondadas pelo aplicativo para serem cadastradas. Uma delas não quis ceder entrevista, alegando que ainda estudava a proposta. Enquanto que outra disse não ver “com bons olhos” a cotação de preços que o aplicativo oferece.