“Apesar de nunca ter ficado grávida, acordo todos os dias parecendo que estou gestando um filho de tanta vontade que tenho de vomitar”. Esse é o relato da assistente administrativa Luisa Souza, 27, que convive diariamente com o refluxo gástrico. Assim como ela, segundo dados do Hospital Israelita Albert Einstein, outros 2 milhões de brasileiros possuem a doença.
Luisa conta que possui a patologia desde de que nasceu e, segundo os médicos que a atendeu, isso veio como consequência de ter ingerido líquido amniótico no parto. “Diferentemente de várias pessoas que possuem refluxo, eu não sinto azia e nem nada parecido. Apenas vejo que estou passando mal quando vem aquela vontade de vomitar”.
Ademais, ela relata que a doença atrapalha a sua rotina. “Tem dias que preciso parar e ficar sentada na posição de 90º para passar. Às vezes, esse processo demora”. Entretanto, apesar de todos esses problemas que o refluxo acarreta, Luisa continua com hábitos alimentares que não são recomendados. “A médica me proibiu de tomar café com a barriga vazia, mas eu sempre tomo”. Além disso, outro fator que potencializa a doença é o fato dela ser fumante. “O refluxo piora, também, quando como mais do que deveria”, finaliza.
Entenda a doença
O gastroenterologista Victor de Barros explica que o refluxo é quando o ácido do estômago ou a bile entra no tubo alimentar e irrita a mucosa, sendo que os principais sintomas nos adultos é pirose (conhecida popularmente como azia) e sensação de queimação que começa na boca do estômago e, muitas vezes, sobe pelo peito. A regurgitação de um líquido ácido e amargo até a boca, tosse, dor no peito, soluços e pigarro também podem ser sinais da doença.
Barros reitera que a patologia é muito comum nos bebês, porém pode desaparecer após o segundo ano de vida. “Qualquer pessoa adulta pode ter refluxo, mas em grávidas, obesos, fumantes e aqueles que têm hábitos alimentares pouco saudáveis são os mais atingidos pela doença”.
O médico ressalta que o diagnóstico, na maior parte dos casos, pode ser feito apenas pelos sintomas, mas é recomendo uma endoscopia para se confirmar e avaliar a intensidade da doença. “Muitas vezes se realiza um tratamento de prova, mesmo sem confirmação por exames, e a resposta pode sugerir fortemente a presença do refluxo ou torná-lo muito improvável. Na minoria das vezes, necessita-se de exames adicionais como PHmetria esofagiana prolongada (estômago) e radiografias”.
E para os que sofrem com o refluxo, Barros traz boas notícias: a doença possui cura. “A melhora pode se dar após tratamento por medicamentos, mudança de hábitos de vida, principalmente pela perda de peso, e, em alguns casos, por cirurgia. Além disso, estão em pesquisa outros tratamentos por endoscopia ou pelo uso de eletroestimuladores implantados”.
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