Os meses de dezembro e janeiro são regados a festas e viagens, mas, nem tudo são flores. Segundo estimativas de ONGs, é justamente nesse período que o abandono de animais aumenta em até 10%. Mesmo com a lei 22.231/16, em vigor em Minas, essa prática ainda é crescente e para coibir isso foi criada em alguns Estados e difundida nas redes sociais a Campanha Dezembro Verde, que visa alertar a sociedade que abandono é crime. No Estado, a ação não foi instituída, mas já circula nas principais páginas que defendem a causa.
A psicóloga, pet sitter e protetora, Joice Caldeira, do grupo Juntos Somos Mais Fortes Betim MG, conta que as férias e festa de fim de ano são um pesadelo para os amantes da causa animal. “É uma época crítica que temos saltos nos índices de abandono e descartes cruéis. Muitas vezes as famílias viajam e deixam os animais a mercê da própria sorte pelas ruas. E quanto retornam de férias, buscam novos, que terão o mesmo destino”, lamenta.
Para a protetora, mesmo com o acesso à informação de que o abandono é crime, o senso de impunidade impera, já que o cumprimento das medidas é lento e pouco efetivo.
[table “” not found /]Os voluntários da Cão Viver, Atila Durães e Tatiana Peixoto contam que percebem uma banalização dos animais. “Muita gente adota ou compra um animal sem a menor condição de mantê-lo. Nos períodos de férias é comum o abandono para viajar. Isso atinge tanto vira-latas quanto animais de raça”.
Eles explicam que é difícil estimar um percentual para esses casos de abandono neste período, pois há um fenômeno de superpopulação de cães e gatos já há alguns anos. “Podemos dizer que os pedidos de ajuda nas férias escolares até o Carnaval é maior, em torno de 50% em relação ao restante do ano.
Por fim, a entidade ressalta que falta campanha de conscientização direta das prefeituras nos postos de saúde, escolas, rádio e TV. “Falta também envolvimento da classe artística, já que o poder de influência das novelas, teatro e outras mídias poderia ajudar muito”.
[table “” not found /]Prefeito de Betim promete construção de abrigo de animais na cidade
“Vamos fazer uma casa de primeiro mundo para acolhimento de animais. Já estamos com o convênio para ser assinado. Quero que Betim seja referência”, disse o prefeito da cidade, Vittorio Medioli (PHS), em uma live no Facebook.
De acordo com o secretário Adjunto de Assistência da Saúde, Hilton Soares, a Secretaria Municipal de Saúde está definindo o terreno para a construção e o projeto arquitetônico encontra-se em fase de finalização. “O projeto visa garantir a castração e o atendimento básico aos animais de rua cujos donos fazem parte da população carente. O Centro de Controle de Zoonoses e Endemias (CCZE) apenas encaminhará os animais negativos para leishmaniose onde serão tratados, castrados e levados a eventos de adoção pela ONG”.
A protetora Joice salienta que a construção de um abrigo não irá sanar as necessidades do município. “É preciso formação nas escolas, orientação, convênios e parcerias, pois a demanda é infinitamente maior do que a oferta de vagas nos abrigos que conhecemos em outras cidades. Se a população não tiver educação, o abrigo se torna uma unidade de desova”, argumenta.
Contudo, de acordo com o secretário, serão iniciadas ações de conscientização, além de castrações e parceria com clínicas particulares a baixo custo para a população carente. O projeto piloto será realizado no bairro Alterosa.
Segundo a prefeitura, o CCZE realiza, aproximadamente, 250 atendimentos de castrações por mês. Para 2018, o planejamento é chegar a 700 castrações até segundo semestre. Neste ano foram realizados 5.910 exames de controle da leishmaniose em cães.
Retrato do abandono
O grupo de proteção animal Juntos Somos Mais Fortes de Betim divulgou, recentemente, a história de uma cachorrinha que foi encontrada no bairro Vila das Flores. “A cadelinha não tem uma das patas e outra estava coberta de miíases (bicheira). Ela foi descartada na chuva em meio a lama”. Após o resgate, ela foi levada para uma clínica particular, na qual recebeu atendimento e segue com tratamento, custeado com a ajuda de pessoas que se comoveram com a história. “Ela segue em tratamento e irá para um lar temporário, já que o município não oferece suporte necessário”.