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23 milhões de crianças em idade escolar têm problemas de visão

Dificuldades para enxergar afetam o aprendizado / Foto: Freepik.com

 

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, cerca de 23 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos apresentam problemas como miopia, hipermetropia e astigmatismo. A ausência de um acompanhamento adequado pode impactar o desempenho em sala de aula e reduzir a motivação delas para ir à escola e estudar em casa.

Segundo a oftalmopediatra Lara Seixas, é fundamental que pais e responsáveis fiquem atentos a possíveis sinais de dificuldades visuais nos filhos. “Em casa, eles devem observar se a criança ou adolescente se aproxima demais da televisão ou de objetos, lacrimejam excessivamente, demonstra sensibilidade à luz, reclama de dor de cabeça e nos olhos, sofre quedas frequentes, desvia os olhos involuntariamente ou fecha os olhos para tentar enxergar melhor”.

“Na escola, sinais como baixo rendimento acadêmico, dificuldade de aprendizado, necessidade de sentar-se mais próximo ao quadro para acompanhar a aula ou copiar do caderno do colega também são indicativos da necessidade de uma avaliação oftalmológica”, acrescenta.

A oftalmopediatra reforça que crianças e adolescentes devem passar por consultas oftalmológicas de rotina periodicamente, mesmo na ausência de queixas, e a qualquer momento em que apresentem algum sintoma ou sinal de problema visual. “Muitas vezes, esse público ainda não tem a percepção da dificuldade visual e, por isso, não se manifesta. Os cuidados com a saúde ocular devem incluir uma alimentação equilibrada, o uso moderado de telas conforme a faixa etária e o estímulo a atividades ao ar livre e em contato com a natureza”.

 

Uso de telas

Lara explica que o uso excessivo de telas pode comprometer a visão de crianças e adolescentes. “Isso pode causar distúrbios na superfície ocular, como olho seco, e, quando utilizadas muito próximas aos olhos, favorecer ou agravar a miopia e o estrabismo. Para minimizar os impactos, é essencial respeitar o tempo máximo de uso por faixa etária, além de adotar medidas como fazer pausas regulares e optar por ambientes bem iluminados”.

Passar tempo excessivo diante das telas também pode gerar impactos psicológicos e comportamentais nesse público. “O primeiro deles é a desatenção. Elas podem desenvolver um quadro de distração acentuado e, em alguns casos, até apresentar sinais semelhantes a um vício. A criança pode ficar mais irritada, ansiosa e ter dificuldades de concentração e socialização, prejudicando o desenvolvimento de habilidades interpessoais. A longo prazo, o uso demasiado pode levar à dependência de telas e comprometer o crescimento social e emocional, uma vez que ela não estará interagindo com outras pessoas”, explica a doutora em psicologia Catiele Reis.

Ela recomenda que crianças e adolescentes utilizem telas por, no máximo, duas horas diárias. “Os pais também devem dar o exemplo. Não adianta impor limites se eles próprios estão sempre no celular. É importante reservar um tempo para interagir com os filhos. Estratégias como restringir o uso, principalmente à noite, próximo à hora de dormir, e oferecer alternativas como jogos de tabuleiro e quebra-cabeças para reduzir o tempo de tela”.

“Os pais também precisam incentivar atividades ao ar livre e investir em momentos de qualidade com os filhos, promovendo passeios e estimulando um equilíbrio maior entre a conectividade e a vida real”, acrescenta.

Sobre a proibição dos celulares nas escolas, Catiele avalia que a medida é um primeiro passo. “As escolas têm exigido muito a utilização das tecnologias. É necessário um trabalho de conscientização sobre o uso responsável dos dispositivos e a importância do retorno à socialização”, conclui.