De acordo com os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 30 milhões de mulheres no Brasil estão vivendo na faixa etária do climatério e menopausa, ou seja, 7,9% da população feminina. A revista científica Climateric indica que 82% das brasileiras, nessa faixa etária, apresentam sintomas que comprometem sua qualidade de vida.
O climatério é um período de transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva da mulher. Este momento também chamado de transição menopausal ocorre devido às quedas graduais na produção de estrogênio e progesterona, principais gatilhos dessa transformação. Estudos recentes apontam que o impacto emocional do climatério pode ser agravado por uma percepção negativa de envelhecimento. A pesquisa “Menopausal Transition and Aging” da North American Menopause Society (NAMS) sugere que as pacientes que vivenciam essa fase com uma visão positiva tendem a experimentar menos sintomas depressivos e menos limitações físicas.
O ginecologista da Unimed-BH e o diretor da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia de Minas Gerais (Sogimig), Eduardo Cunha da Fonseca, explica que o climatério é a fase de senilidade no qual os ovários vão diminuindo, progressivamente, a produção hormonal até o seu término. “Os sintomas são muito variados e decorrem dos menores níveis do principal hormônio ovariano que é o estrogênio”.
“Se destacam a irritabilidade, labilidade emocional, insônia, queda de libido, ressecamento vaginal e os fogachos, que são os famosos calorões que incomodam muito a paciente. Ocorrem em episódios agudos, de curta duração, mas muito intensos, chegando a acordar a mulher, associado à sudorese intensa e depois calafrios”, acrescenta.
Ele esclarece que o diagnóstico é basicamente clínico. “Ou seja, pelos sintomas, quando atingem mulheres em torno dos 50 anos de idade. Excepcionalmente pode ser necessária a realização de exame de sangue para a dosagem hormonal”.
Tratamento
Segundo a médica nutróloga, Ellen Durães, qualquer outro sintoma que acompanha o climatério pode ser tratado e contornado. “O segredo está em buscar orientação médica adequada desde os primeiros sinais. É possível adotar estratégias nutricionais, exercícios físicos e, em alguns casos, tratamentos hormonais que podem aliviar significativamente os sintomas. O médico auxilia na adaptação a essa nova realidade e permite que a paciente viva essa fase com qualidade e autoconfiança”.
Ellen ressalta que todas as mulheres passarão pelo período de transição menopausal, podendo variar a faixa etária e também a sintomatologia. “Tabagismo, estresse aumentado, mulheres que não tiveram filhos, deficiência nutricional, baixo peso, quimioterapia, radioterapia pélvica são fatores que podem aumentar a possibilidade da menopausa ser mais precoce”.
Fonseca destaca a importância da terapia hormonal (TH) na fase do tratamento. “É extremamente eficaz para o controle dos fogachos, alterações do humor, ressecamento vaginal e prevenção da osteoporose. Em pacientes que apresentem contraindicações ao uso da TH, pode ser usado alguns medicamentos antidepressivos com melhora parcial dos fogachos. Uma droga nova chamada Fezolinetant foi aprovada nos Estados Unidos, contudo ainda não chegou ao Brasil”.
A abordagem multidisciplinar da paciente também pode ajudar na prevenção e diminuição dos sintomas associados, detalha o ginecologista. “Uma dieta adequada, com menor quantidade de carboidratos e maior ingestão de cálcio é muito importante. O controle do peso é fundamental para a saúde global e melhora o incômodo causado pelos fogachos. A exposição ao sol também ajuda a melhorar os níveis de vitamina D e consequentemente a saúde óssea”.
“Exercícios físicos são importantes para a saúde óssea e cardiovascular. Outra ação fundamental é o rastreamento de doenças ocultas através de exames periódicos como: citologia oncótica (Papanicolau), mamografia, ultrassom endovaginal, densitometria óssea, glicemia de jejum, perfil lipídico e, até mesmo, a tomografia de tórax em pacientes tabagistas”, afirma.