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Exportações de calçados geraram US$ 827,73 milhões em divisas

Foram embarcados 81,2 milhões de pares – Foto: Divulgação

Entre janeiro e outubro, as exportações de calçados somaram 81,2 milhões de pares, gerando US$ 827,73 milhões em divisas, é o que apontam os dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Apesar dos índices elevados, os resultados são inferiores tanto em volume (-20,7%) quanto em receita (-17,8%) em relação ao mesmo período de 2023.

Em outubro, foram embarcados 9,56 milhões de pares por US$ 91,43 milhões, quedas de 19% e 8,6%, respectivamente, ante o mesmo mês do ano passado. O principal destino do calçado brasileiro no exterior segue sendo os Estados Unidos. Entre janeiro e outubro, foram embarcados 8,32 milhões de pares, que geraram US$ 179,9 milhões em divisas. Os resultados também são inferiores tanto em volume (-3,5%) quanto em receita (-5,9%) em relação ao mesmo intervalo de 2023.

O segundo destino do produto no exterior é a Argentina, que entre janeiro e outubro importou 10,74 milhões de pares por US$ 177,5 milhões, quedas tanto em volume (-16,7%) quanto em receita (-12,5%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado. E em terceiro, aparece o Paraguai, que no período pesquisado importou 6,9 milhões de pares de calçados por US$ 36,8 milhões, e também apresentou quedas tanto em volume (-21,6%) quanto em receita (-12,7%), se comparado com 2023.

Para o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a instabilidade deve seguir nesse final de ano e em 2025. “Com declínios importantes nos mercados dos Estados Unidos e Argentina, nossos principais destinos internacionais, devemos encerrar o ano com queda entre 15% e 20% nas exportações em volume. Já para 2025, a estimativa da Associação fica entre um crescimento de 0,5% e uma queda de 2%, isso sobre uma base de comparação muito fraca”.

O docente de gestão e negócios do Centro Universitário Una, Stenio Tales Afonso, explica que um dos principais fatores que elucida esse declínio é a concorrência externa. “Atualmente, a China tem dominado o mundo em vários setores. Esse índice também foi um pouco influenciado pela mudança de hábito de consumo e o aumento dos custos no Brasil. Principalmente, depois da pandemia, várias empresas estão ainda se adequando ao seu novo mercado e isso faz com que os preços se elevam”.

Ele ressalta que a tendência é continuar em queda, tanto em volume quanto em receita. “A não ser que governo brasileiro dê algum incentivo para que essas empresas consigam se manter nesse mercado. Um ponto a ser observado é o novo governo nos Estados Unidos. Donald Trump, assumindo a presidência, tem a ideia de sobretaxar os produtos externos, o que vai impactar nas nossas vendas, trazendo mais dificuldades para exportar, se o Trump cumprir o que foi dito em campanha”.

Importações

Se as exportações de calçados seguiram em ritmo de queda durante todo o ano, o mesmo não aconteceu com as importações. Entre janeiro e outubro, entraram no Brasil 29,8 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 391,74 milhões, incrementos tanto em volume (+21%) quanto em receita (+3,7%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado. No recorte do mês de outubro, as importações registraram aceleração de 70% em volume e de 36,7% em receita em relação ao mesmo período de 2023. No total, entraram no país 2,83 milhões de pares por US$ 40,48 milhões.

Afonso aponta os impactos de um índice ser maior do que o outro. “Quando o Brasil começa a importar mais do que exportar, significa que vários produtos poderiam ser produzidos no país, mas estão vindo de outras nações. Isso, em curto, médio e longo prazo, indica que as empresas que aqui estão podem ser extintas”.

“Deixando de existir, acaba impactando na taxa de desemprego. Se o Brasil, ou qualquer país do mundo, não tiver cuidado e não estar bem atento para essa questão de concorrência da indústria exterior, podem passar por grandes problemas econômicos”, observa o especialista.

A pesquisa ainda indica que em partes de calçados (cabedais, solados, saltos, palmilhas e outros), as importações, entre janeiro e outubro, somaram US$ 30,28 milhões, 27,5% mais do que no mesmo período do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Colômbia.