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Setor de restaurantes gerou mais de 38 mil empregos formais em 12 meses

Minas Gerais foi o terceiro Estado que mais criou vagas / Foto: Freepik.com

 

Conforme dados da Future Tank, divulgados pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), o setor de restaurantes gerou 38.339 empregos formais, sendo este o saldo entre o número de contratações e o de demissões, no acumulado do ano. Apesar de positivo, o desempenho ficou abaixo do observado no mesmo período de 2023, 55.032 postos de trabalho.

O resultado foi influenciado pela geração de empregos em 24 das 27 unidades da federação. São Paulo (+12.857) liderou as contratações, seguido por Rio de Janeiro (+5.046) e Minas Gerais (+3.939). Por outro lado, o Rio Grande do Sul (-2.129) segue no topo do ranking de fechamento de postos de trabalho no setor, em função das enchentes de abril e maio.

O economista Wagner Cardoso explica que a queda nos índices pode ser atribuída a múltiplos fatores. “Em primeiro lugar, o impacto inflacionário reduziu o poder de compra dos consumidores, afetando o ticket médio e a frequência em restaurantes. Além disso, o setor ainda enfrenta desafios relacionados à recuperação pós-pandemia, como aumento de custos operacionais”.

“Outra explicação possível é a consolidação de novos modelos de consumo, como delivery e dark kitchens, que demandam menos empregos presenciais nos estabelecimentos tradicionais. Por fim, o crescimento de vagas em 2022 pode ter sido um reflexo do ‘economic rebound’ pós-pandemia, o que inflacionou as comparações”, acrescenta.

Sobre os índices de Minas Gerais, o economista elucida que o Estado apresenta um ambiente econômico diversificado. “Com forte presença nos setores de turismo, gastronomia e agronegócio, que impulsionam a geração de empregos no setor de restaurantes e serviços”.

“Além do mais, cidades como Belo Horizonte, Ouro Preto e outras regiões turísticas têm investido em eventos culturais e festivais gastronômicos, ampliando a demanda por serviços de food service. Outro fator relevante é a recuperação econômica em áreas metropolitanas e o fortalecimento de pequenos negócios locais, especialmente em polos turísticos e industriais”, afirma.

 

Índice mensal

Em setembro, o setor abriu 7.757 vagas de emprego. O resultado positivo foi o oitavo consecutivo, embora menor que o índice de agosto (8.432). O desempenho ficou abaixo do observado se comparado com setembro de 2023, quando o segmento registrou a abertura de 11.712 postos de trabalho no país. Os destaques foram São Paulo (+2.012), Rio de Janeiro (+828) e Bahia (+607). Por outro lado, o único Estado a registrar resultado negativo foi Roraima (-1).

“A expectativa é que, com a recuperação gradual da economia, o setor de bares e restaurantes continue gerando mais empregos nos próximos meses”, destaca Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.

Já Cardoso acredita que a tendência é de estabilidade até o início de 2025. “Considerando o impacto positivo das festas de fim de ano e férias escolares, períodos historicamente fortes para o setor. No entanto, o desempenho dependerá do cenário macroeconômico, como controle da inflação e taxas de juros, que influenciam o consumo. Inclusive, medidas como a desoneração da folha de pagamento, se aprovadas, podem incentivar novas contratações”.

 

Previsão de crescimento

Um estudo realizado pela Redirection International, empresa especializada em assessoria de Fusões e Aquisições (M&A), aponta que o setor de food service tem uma previsão de crescimento médio de 7% ao ano até 2028. Esse desempenho projeta uma evolução acima da média histórica registrada entre 2014 e 2023, que ficou em torno de 6%.

O economista aponta alguns motivos que sustentam essa previsão. “Mudança nos hábitos de consumo, como a preferência por conveniência; expansão de novos modelos de negócios; crescimento do turismo interno; inovação no setor, com a introdução de novas tecnologias, entre outros; e o aumento da participação da geração Z e Y no mercado, o que impulsiona a demanda por serviços personalizados e sustentáveis”.

Ele finaliza ressaltando também os principais desafios do setor. “Inflação de custos, insumos básicos e energia continuam pressionando margens; mudanças regulatórias, como obrigações trabalhistas e fiscais; concorrência acirrada; e falta de qualificação, dificuldade de encontrar mão de obra especializada”.