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Mercado automobilístico

Um dos segmentos que mais gera empregos no Brasil é o setor automobilístico, por conta de sua reconhecida cadeia produtiva. Números difundidos recentemente pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam uma produção recorde neste último semestre, galgando o montante de 247 mil unidades, diante de um acumulado do ano da ordem de 1.385 unidades, superando os 5,3% de aumento verificado no ano passado.

O dirigente da Anfavea, Mário Lima Leite, enfatiza que o cenário positivo tem a ver com a temporada de vendas aquecidas no mercado interno. Por seu turno, o economista Wallace Marcelino Pereira rememora a importância da implementação de uma política governamental favorável ao setor, naturalmente aliado à recuperação geral da economia do país. O profissional vaticina que com a inflação controlada e o desemprego em queda, o movimento de compras se torna mais forte.

Se internamente tudo vai bem, não se pode dizer o mesmo em relação às exportações para o mercado latino-americano, diante da retração da Argentina, com reflexos também no Chile, Colômbia e Equador, cujos países estão fazendo encomendas das montadoras brasileiras em percentual abaixo do tradicional.

Sobre os importados, segundo avaliação de entidades do setor automobilístico, os veículos produzidos em outras nacionalidades são mais baratos do que os montados no Brasil, ganhando mais espaço perante os consumidores brasileiros. Uma das causas dessa narrativa é que as empresas domésticas arcam com os impostos, além de custos com a produção, ao passo que as firmas estrangeiras, sem filiais em território nacional, se beneficiam da ausência de muitos pagamentos.

Mas os próprios empresários comemoram a decisão do governo de aumentar a taxação dos importados de maneira progressiva até o final de 2026, com o objetivo de gerar competitividade. O tema é polêmico e impõe um debate mais amplo sobre a chegada de produtos, às vezes com qualidade inferior aos nacionais, para serem comercializados por preços modestos. Espera-se que a economia brasileira deixe a sua letargia no espelho retrovisor para galgar números crescentes.