O consumidor da capital mineira ainda está pessimista quanto ao cenário econômico da cidade e do Brasil. Ao longo de 2024, o Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), registrou uma queda de 10,72%. Nos últimos doze meses, o indicador apresentou uma redução de 9,80%.
O último índice geral divulgado pela Fundação Ipead alcançou 39,09 pontos em agosto. Esse valor é a menor pontuação desde setembro de 2022. O consultor econômico da instituição, Diogo Santos, acredita que o resultado demonstra que a população ainda não está confortável com a situação econômica do país. “A elevação do custo de vida nos últimos anos, o aumento do endividamento e a ampliação de empregos com menor segurança e estabilidade certamente contribuem para uma visão mais cautelosa da população neste momento, apesar de algumas melhoras”.
Inflação (18,55%) e emprego (-15,94%) foram os indicadores que apresentaram a maior queda no índice. De acordo com Santos, a piora em relação à inflação pode estar associada ao peso que alguns itens possuem no custo de vida da população e que passaram por elevações recentemente. “Por exemplo, a gasolina tem sido o principal item a pressionar a inflação em BH nos últimos meses. Quanto ao emprego, é possível que a alta informalidade tenha contribuído para a queda na percepção da população, uma vez que o desemprego tem se reduzido ao longo do ano”.
Pretensão de compra (-14,27%), situação financeira da família atual (-3,48%) e situação econômica do país (-3,15%) também apresentaram redução. Apenas o item situação financeira da família em relação ao passado (2,21%) registrou alta.
“A diminuição na pretensão de compra aconteceu porque agosto é o primeiro mês após as férias escolares, que, em geral, representam um período de maiores gastos extraordinários para muitas famílias. Já a melhora na percepção da situação financeira pode estar captando a lenta recuperação nos indicadores de endividamento e inadimplência da população”, destaca Santos.
A percepção negativa em relação à inflação e ao emprego também puxou o Índice de Expectativa Econômica do País (IEE) para baixo, com uma queda de -12,68% em agosto. O consultor econômico lembra que, mesmo com essa queda, o desemprego está baixo e a renda dos trabalhadores tem aumentado nos últimos anos. “Ainda que a população esteja menos otimista com a inflação e o emprego, isso não deve se refletir em um impacto negativo sobre a economia da cidade. No entanto, é possível que a população esteja mais cautelosa quanto a seus gastos no curto prazo. A expectativa é de que o índice apresente melhora nos próximos meses, principalmente devido à queda na inflação”.