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Breaking: dança de rua é a nova modalidade dos Jogos Olímpicos

Foto: Pixabay.com

 

Os Jogos Olímpicos, principal evento poliesportivo do mundo, vem apostando em novas modalidades para alcançar cada vez mais público. Na edição deste ano, em Paris, o breaking terá sua estreia trazendo um estilo de dança urbana. Nascido nos anos 1970, no Bronx, em Nova York, ele foi criado pelas comunidades negra e latina com o objetivo de pacificar disputas territoriais na região.

De acordo com Rodrigo Khan, presidente da Stance 333 Divisão BH, os jovens logo começaram a se distanciar das gangues de rua e a violência deu lugar às batalhas entre grupos de dançarinos que juntavam suas habilidades em disputas para definir quem apresentava os movimentos mais espetaculares.

“O estilo era dançado em eventos que dariam origem à cultura hip hop. DJs organizavam festas de rua em seus bairros e tocavam duas cópias do mesmo disco, mixando para prolongar a parte de breakdown das faixas. As pessoas que corriam para a pista dançavam de uma maneira tão particular que ganharam termos próprios, break-boys e break-girls, mais tarde encurtados para B-Boys e B-Girls”, conta Khan.

Ele explica que a arte da batalha dentro da dança na cultura hip hop é diferente e mistura uma combinação dinâmica de movimentos das mais variadas formas de expressão de todos os seres pensantes e dançantes em um fluxo criativo e rítmico. “O estilo flui em grande parte improvisado, com variações de movimentos e passos, incluindo footwork, freezes, down rock e top rock. Breaking enfatiza a energia, o movimento e a criatividade. Tem uma enorme influência em grandes cias de dança pelo mundo. A conexão mente/ corpo é profunda”.

O profissional diz que o sistema de avaliação usado é o “Trivium”, que foi desenvolvido pelo B-Boy e pesquisador alemão Storm. “Ele avalia o desempenho dos atletas a partir de três critérios: qualidade física (técnica e variação), interpretativa (execução e musicalidade) e artística (criatividade e personalidade). O Brasil está à frente com excelentes dançarinos nesse quesito. Também existe a Confederação Brasileira de Breaking e algumas Federações em alguns estados que organizam vários eventos ranqueados, culturais e federados esportivos”.

Khan pontua os benefícios que a modalidade traz para o corpo e a mente. “Temos ambiente inclusivo e acolhedor que valoriza a individualidade e a criatividade; foco no desenvolvimento integral dos participantes, promovendo saúde física, mental e social; desenvolvimento da consciência corporal, expressividade e musicalidade; aprimoramento da técnica de dança e da coordenação motora; aumento da força motriz, flexibilidade e resistência física; estímulo à criatividade, improvisação e trabalho em equipe; fortalecimento da autoestima, autoconfiança e senso crítico; integração social e cultural através da dança; discussões sobre temas sociais relevantes”.

 

Preconceito

Na opinião do profissional, ainda existem muitos estigmas sobre a dança. “Devemos ter orgulho, porque hoje temos marcas famosas patrocinando e dando visibilidade, porém, não podemos esquecer que o preconceito, racismo e abusos estão aí e continuar lutando para que a próxima geração esteja protegida disso”.

A dança pode ser uma ferramenta de transformação social para muitos jovens da periferia. “Esses adolescentes aprendem a compreender e atuar em seu entorno social, comunicar-se através de palavras, falas e gestos, além de saber receber críticas, resolver e administrar conflitos de modo construtivo e solucionar problemas através do diálogo e da negociação. Respeitar a diversidade e a diferença são algumas formas para superar as adversidades”, completa.