O setor de saúde teve um crescimento de 10,5% no número de novas micro e pequenas empresas (MPEs), em 2023, se comparado ao ano anterior, e de 84% em relação a 2019, o que fez com que o segmento alcançasse a primeira posição no ranking de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), com o maior volume de pequenos negócios abertos. Foram 48,7 mil MPEs em atividades de atenção ambulatorial executadas por médicos e odontólogos em consultórios, ambulatórios, clínicas médicas especializadas e odontológicas, e serviços de vacinação e imunização.
O economista Gustavo Aguiar explica que esse aquecimento está ligado à pandemia da COVID-19. “Foi um setor que teve visibilidade e ganhou importância nesse período. Diferentemente da maioria dos outros segmentos, a saúde não sofreu os impactos da paralisação da oferta de serviços, pelo contrário, aumentou sua produtividade por causa da demanda. Contudo, após o período da crise sanitária, novos negócios e oportunidades têm surgido, como a telemedicina”.
Ele pontua que outro fator que tem favorecido a expansão do setor é o envelhecimento da população. “Houve um crescimento do grupo de indivíduos na terceira idade, o que demanda por mais serviços de saúde. Também tem aumentado a quantidade de cidadãos com obesidade, principalmente, após o período da pandemia”.
A pesquisa apontou também a abertura de 36,5 mil MPEs de atividades lideradas por nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. O número representa alta de 32% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 27,7 mil novas empresas, e um salto de 226,6% na comparação com 2019, que somou 11,1 mil. O levantamento foi realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados da Receita Federal.
Aguiar destaca que é fundamental que o governo dê mais importância a esse setor, sobretudo, na questão da interiorização do acesso à saúde. “Com o fim do teto de gastos, que previa um limite de despesas, percebo uma ampliação no gasto com o segmento. No orçamento de 2024, está previsto um aumento de mais de 40% na dotação orçamentária para a saúde”.
“Isso significa a ampliação do programa ‘Mais Médicos’; da Farmácia Popular, garantindo medicamentos para doenças crônicas; e investimento no calendário de vacinação, que voltou a receber mais importância por parte do governo, com campanhas periódicas”, acrescenta.
Avanço
Dados da pesquisa Conta Satélite de Saúde 2021, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o volume de consumo de bens e serviços de saúde avançou 10,3%, quase cinco vezes mais do que os bens e serviços não relacionados à saúde (2,3%).
As despesas com o setor chegaram a R$ 872,7 bilhões em 2021, o equivalente a 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Do total do PIB, 4% representavam os gastos do governo e 5,7% as despesas das famílias.
Mercado de trabalho
De acordo com o Panorama da Saúde da Robert Half, que é uma consultoria global de soluções em talentos, o mercado de trabalho do setor cresce uma média de 5,3% ao ano. Em 2023, as maiores procuras foram por: analista/assistente de faturamento e autorização, enfermeiro auditor, auditor de investigação e analista de autorização (pré e pós).
Entre 2022 e 2023, mais de 90% das vagas abertas nas áreas de faturamento, auditoria, autorização e glosas foram por projetos com tempo determinado. Também no mesmo período, as oportunidades abertas foram de 80% totalmente presenciais, 14% híbridas e 6% remotas.
Conforme o economista, o segmento deve continuar avançando nos próximos anos. “Para 2024, está previsto um aumento, na economia, em torno de 2%, mas já há um consenso de grande parte dos especialistas que pode crescer mais de 3%, gerando mais empregos e renda”, finaliza.
