Um levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que o número de trabalhadores acima de 50 anos dobrou no país em 15 anos. Em 2006, eram 4,4 milhões de pessoas e, em 2021, passaram para 9,3 milhões, aumento de 110,6%. No mesmo período, o número de brasileiros com mais de 50 anos aumentou 63,2%, passando de 34 milhões, em 2006, para 55,5 milhões em 2021.
Conforme o levantamento, no período analisado, o estoque de emprego geral cresceu 38,6%, o que mostra que o ritmo de crescimento da presença de trabalhadores com 50 anos ou mais foi quase três vezes maior em comparação ao emprego geral. Para o Senai, os resultados apontam para uma tendência e a importância da elaboração de políticas, por parte dos governos, empresas e instituições de ensino, focadas na requalificação desses profissionais com objetivo da permanência no mercado de trabalho ou recolocação.
A economista Renata Camargos diz que esse fenômeno é uma tendência mundial, devido ao envelhecimento populacional. “À medida que a população de idosos aumenta, cresce também um grupo de consumidores, trabalhadores e empreendedores. Com maior expectativa de vida e participando ativamente da economia global, são abertas novas possibilidades de converter a longevidade em um ativo para a sociedade. No futuro, a ‘economia da longevidade’ pode ser uma oportunidade ainda não explorada”.
Para ela, os números estão relacionados também com a dificuldade dos jovens em conseguir emprego. “Temos uma parcela muito grande de pessoas entre 18 e 25 anos que não estudam e nem trabalham, assim como não conseguem o primeiro emprego de carteira assinada por não terem uma formação adequada. Deve-se investir no sistema educacional e em outras políticas voltadas a essa população mais nova, com o objetivo de auxiliá-los no mercado de trabalho”.
Além disso, a permanência dos trabalhadores 50+ se deve às condições financeiras após a aposentadoria. “Muitos que se aposentam não conseguem manter o mesmo patamar de vida de quando trabalhavam. Isso faz com que a maioria queira permanecer no mercado para ter remunerações compatíveis ao padrão de vida atual”, afirma Renata.
Vagas
Em 15 anos, a participação das mulheres com mais de 50 anos no mercado de trabalho cresceu mais em relação à dos homens da mesma faixa etária. Entre elas, a alta foi de 120% entre 2006 e 2021. Porém, as mulheres respondem por menos da metade dos trabalhadores (42,4%) acima de 50.
Entre os setores da economia com maior contratação de pessoas com 50 anos ou mais, aparecem comércio (164%), serviços (136%) e indústria (96%). Apenas esse último setor (transformação, extrativa mineral, serviços de utilidade pública e construção civil) registrou 1,5 milhão de funcionários na faixa etária no ano de 2020.
Na análise por regiões, metade dos trabalhadores está no Sudeste. Porém, as regiões Norte e Centro-Oeste foram as com os maiores aumentos proporcionais de contratação, sendo 129% e 132% respectivamente, superando a média nacional de 110,5%. Todos os estados do Nordeste e do Sudeste tiveram um ritmo de contratações de 50+ abaixo da média, com exceção do Maranhão, que aumentou em 139,4%, e de São Paulo, com 118,6%, segundo a pesquisa.
Conforme mostra o estudo, dos postos ocupados por esse grupo, 38% foram preenchidos por pessoas com ensino médio completo e 24,6% com superior completo. O número de trabalhadores de 50+ com mestrado e doutorado praticamente quintuplicou: de 26,4 mil profissionais para cerca de 150 mil.