Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Natal deverá movimentar R$ 65 bilhões. Se confirmada essa expectativa, o setor experimentaria o primeiro aumento real (alta de 1,2% no faturamento) após 2 anos de perdas na sua principal data comemorativa, porém, sem igualar o volume de vendas de 2019 (R$ 67,55 bilhões).
De acordo com a pesquisa, os fatores que contribuem para essa melhora são a normalização do fluxo de consumidores alcançada na virada do primeiro para o segundo semestre, a evolução favorável do nível de ocupação no mercado de trabalho e a desaceleração da inflação, que deverá encerrar o ano abaixo de 6,5%, um patamar inferior àquele observado em 2021. Contudo, apesar do avanço, o encarecimento do crédito e o comprometimento da renda média com dívidas tendem a podar a expansão das vendas.
A economista Renata Camargos ressalta que a taxa média de juros nas operações de crédito livres destinadas às pessoas físicas se encontra num patamar elevado. “Acabamos de sair de uma época de dificuldades para a maioria dos indivíduos e muitos ainda estão tentando se recuperar. Além do encarecimento do crédito, temos famílias com grande parte da renda já comprometida com dívidas no cartão de crédito, o que acaba as inibindo das compras de Natal”.
Setores
O ramo de hiper e supermercados deverá ser o destaque em termos de movimentação financeira, respondendo por 38,6% (R$ 25,12 bilhões) do volume total, seguido pelos estabelecimentos especializados na comercialização de itens de vestuário, calçados e acessórios (33,9% do total ou R$ 22,03 bilhões) e pelas lojas especializadas na venda de artigos de uso pessoal e doméstico (12,6% ou R$ 8,19 bilhões).
Ao analisar os estados, o levantamento mostra que São Paulo (R$ 22,19 bilhões), Minas Gerais (R$ 5,59 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 5,56 bilhões) concentrarão mais da metade (51,3%) da movimentação financeira prevista, sendo o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul as unidades do país com maiores projeções de avanço em relação a 2021, com altas de 6,8% e 6,2%, respectivamente.
O proprietário de uma loja de peças de vestuários, Marcos Teixeira, diz que espera alta nas vendas de 25%. “Em 2021 houve um pequeno aumento comparado a 2020, este ano confiamos que esse crescimento será maior. Com o relaxamento da pandemia, a maioria das famílias vai passar as festas reunidas, fazendo com que muitos comprem mais de um presente e invistam mais”.
Emprego
A expectativa da CNC é de que sejam criadas 98,8 mil vagas temporárias, 1,8% maior do que as contratações para a mesma data do ano passado e 48% acima das criadas no atípico Natal de 2020. A taxa de efetivação desses profissionais deve ficar em 9,1%.
A maior oferta de vagas será com os hiper e supermercados, sendo responsáveis por 42,20 mil delas (43% do total). Em seguida, tendem a se destacar as lojas de vestuário, calçados e acessórios com 22,42 mil (23% do total) e estabelecimentos especializados na venda de artigos de uso pessoal e doméstico, recrutando 13,72 mil funcionários (14% do total). Regionalmente, São Paulo (26,32 mil), Minas Gerais (11,10 mil), Paraná (8,15 mil) e Rio de Janeiro (7,84 mil) oferecerão a maior parte dos postos.
O assistente de loja, Lucas Mafra, 26 anos, foi contratado como funcionário temporário em uma loja de departamentos e está otimista para a época. “Na véspera de Natal, o movimento é muito grande e, como estava desempregado, aceitei de imediato. Agora, com esse dinheiro que vou receber, a situação ficará menos apertada e até planejo presentear minha filha, mãe e esposa”.