No dia 29 de outubro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). De acordo com o site do Ministério da Saúde, a doença acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral.
Essa é uma patologia que acomete mais os homens e é uma das principais causas de óbito, incapacitação e internações em todo o mundo. Segundo dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, nos primeiros 6 meses de 2022, 56.038 pessoas morreram por AVC.
A cirurgiã vascular e integrante da Comissão para Tratamento das Doenças Carotídeas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Regional São Paulo (SBACV-SP), Márcia Morales, explica que há dois tipos de AVC: o isquêmico, que representa 85% de todos os casos, e o hemorrágico, responsável pelos outros 15%. “O quadro clínico pode ser transitório ou definitivo, durando mais de 24 horas, e a manifestação dependerá da região do encéfalo afetada pela falta de circulação”.
Ela afirma que, no Brasil, há uma incidência de 105,5 AVCs por 100.000 habitantes, o que corresponde a uma mortalidade de 56,6/100.000 brasileiros, no qual 80% dos AVCs isquêmicos poderiam ser evitados com o controle de fatores de risco modificáveis. “Doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo dependem do nosso comportamento em relação aos hábitos e ao uso regular de medicamentos. E esse controle é uma forma de prevenção primária”.
Márcia acrescenta que há algumas maneiras de identificar se uma pessoa está tendo um AVC. “Peça para que ela sorria e mostre os dentes com o intuito de visualizar paralisias faciais; solicite que eleve os membros superiores e sustente por 10 segundos em busca de distúrbios motores; estimule a repetir uma frase simples com o objetivo de identificar distúrbios de fala. Na presença de alterações, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deve ser acionado imediatamente e o paciente encaminhado ao hospital”.
Tratamento
Segundo a cirurgiã vascular, o tratamento depende da causa, extensão da isquemia e do quanto o paciente demora a chegar ao hospital.
Ela informa que, para o AVC agudo, o mais eficiente é a terapia trombolítica, ou seja, uso de medicamento específico para dissolver o coágulo que se formou.
“Ela reduz o número de mortes e também a gravidade das sequelas, o problema é que só pode ser realizada quando o paciente chega ao hospital em até 4 horas e meia do início dos sinais. Por isso, um dos desafios é educar a população para que as pessoas saibam identificar os sintomas de AVC e acionem a emergência”.
Márcia ressalta que é necessário que unidades de atendimento equipadas e treinadas sejam bem distribuídas. “Esse é um grande desafio levando em consideração que nosso país é continental. O que notamos é que em regiões onde a atenção primária é bem estruturada, com prioridade de encaminhamento de AVC para hospital de referência, a taxa da terapia trombolítica é alta e chega a 24%”.
Susto
Cristina Faria, 54, teve um AVC há 2 anos. “Ao acordar, tentei levantar e cai em frente a cama. Não consegui mais me mexer e senti o meu braço esquerdo frio e paralisado. Fiquei no chão até minha filha estranhar a demora e entrar no quarto. Foi assustador”.
Ela ficou internada por alguns dias e quando acordou foi difícil aceitar a nova realidade, com sequelas presentes. “Não conseguia ficar sentada na cama, porque não tinha força. No banho, as enfermeiras tinham que me ajudar.
Por sorte, tive uma boa equipe de fonoaudiólogas e fisioterapeutas que começaram a trabalhar comigo na reabilitação dos movimentos e na fala, que também ficou bem prejudicada”.
Hoje, Cristina faz fisioterapia e terapia ocupacional, focando em exercícios específicos para o braço esquerdo. “Sou grata ao meu processo de recuperação, pois a vida continua, mesmo com limitações. Pratico aulas de dança que me ajudam com a coordenação motora e a ter agilidade de raciocínio. Não deixei me abater e faço o que está ao meu alcance para melhorar minha qualidade de vida”.