De maneira ludibriosa, o Sindicato da Indústria dos Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) procura “tapar o sol com a peneira”, ao difundir a ideia de que o reajuste de 10,89% nos preços dos medicamentos não acontece imediatamente, após autorização do governo federal, cuja decisão passou a vigorar desde o dia 1º de abril.
Ao contrário do propalado pelo Sindusfarma, estamos nos referindo a um setor altamente oligopolizado, onde o paciente, muitas vezes, é obrigado a usar grande parte de seus ganhos na compra de remédios. Isso ocorre, especialmente, quando se trata de pessoas com idade acima de 60 anos, detentores de rendas nem sempre condizentes com a necessidade de atender às demandas originárias de seu estado de saúde.
Como é sabido no Brasil e no mundo, a indústria farmacêutica tem se transformado, ao longo dos anos, em um veio pecuniário dos mais rentáveis globalmente, quando se sabe da realidade: os grandes laboratórios farmacêuticos estão presentes perante todas as nações, impondo suas condições e exibindo as suas nada módicas tabelas de preços.
Assim, não passa de engodo a exuberante narrativa do representante do sindicato ao categorizar que o reajuste não é automático e nem imediato, uma vez que a concorrência entre as empresas do setor regula os preços. Ele também acrescenta que medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma doença são ofertadas no país por fabricantes e em pontos de vendas aos milhares. Provavelmente, esta referência tem embasamento quando se trata de comprimido para gripe ou coisa do gênero. Em verdade, os valores exorbitantes ficam por conta de remédios para uso contínuo, a consumir uma preponderante fatia dos ganhos dos aposentados. Este percentual de 10,89% ficou acima da inflação do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo fontes do próprio governo federal, a correção inflacionária atingiu o montante de 10,06% no período.
Os profissionais do ramo trazem sugestões variadas, visando minimizar esta ampliação na tabela dos preços, que de acordo com dados oficiais, foi a segunda maior desde 2005. A dica do farmacêutico Wendel Guedes: o paciente pode optar pelos genéricos ou similares para garantir uma economia. Para ele, existem artigos com os mesmos princípios ativos e também a mesma concentração dos originais. Por fim, o profissional sugere a alternativa das farmácias de manipulação.
Neste sentido, a questão é: quando se trata de remédios de uso permanente, fica difícil de se adquirir um semelhante. E quando o consumidor recebe uma oferta muita generosa, precisa prestar atenção se não tem algo errado, por exemplo, a data de vencimento dos produtos. Deve ser por conta dessa situação que muitas famílias estão recorrendo a Farmácia Popular, do governo federal, em parceira com o governo mineiro, especialmente para o caso de tratamentos relacionados à diabetes, problemas respiratórios e hipertensão, Parkinson, osteoporose, glaucoma, rinite, colesterol alto, anticoncepcionais e medicamentos geriátricos.
Essa ajuda do poder público é para evitar que muitos pacientes terminem por morrer por absoluta falta de condições financeiras na hora de comprar os medicamentos prescritos nas receitas.